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Em filme, atores ficaram à vontade para inventar
07/05/2015 | 08:30
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Como você faz quando tem um elenco formado por Judy Dench, Maggie Smith, Bill Nighy e Richard Gere? John Madden, diretor de O Fantástico Hotel Marigold 2, responde: "O bom de trabalhar com grandes atores é que eles podem dizer não importa o quê. Você escreve os diálogos, imagina-os e eles ainda conseguem aprimorar, com nuances que você nem imagina". Judy, Maggie e Nighy são atores de teatro e cinema - Maggie está arrasando na TV, na série Dontown Abbey. Gere é um astro, mas, nos seus instantes diante da câmera, também aprimorou suas ferramentas. Usa a voz, os gestos com parcimônia. Sabe o valor do silêncio.

Quanto se improvisa num filme como Hotel Marigold 2? "O que posso lhe dizer é que houve mais improvisação do que no primeiro", diz Madden. "Antes, os atores ainda estavam se apossando dos personagens, mas agora, até no imaginário do público, os personagens são eles. Cada um acrescentou suas coisas e, como diretor, gosto de ouvir. Se é para melhorar o filme que tenho na cabeça, por que não? Mas a verdade é que, ao iniciar uma filmagem, o diretor já fez suas lição de casa. De alguma forma, criamos um filme na cabeça, mas precisamos dos atores para dar-lhe vida. Quando os atores agregam, fica melhor ainda."

Sobre Shakespeare (Madden ganhou o Oscar de melhor filme por Shakespeare Apaixonado), ele diz. "É um grande poeta, mas não por acaso se tornou o maior dramaturgo. Não se trata só de dominar o verso, a métrica, de criar tons nos diálogos. Trata-se de uma maneira de olhar e revelar a natureza humana. Shakespeare é a influência dominante no meu trabalho. Já o fiz no teatro, no cinema, espero fazer mais ainda. A gente se mede com suas palavras, com seus conflitos. Para mim e para todo o elenco de Hotel Marigold 2, o filme é uma comédia shakespeariana. Os meios tons, a sutileza, está tudo nas cenas, nos personagens."

Uma das histórias mais bonitas é a do motorista de táxi com a turista do hotel. Chegam sempre a uma encruzilhada, e o caminho determina a ligação dos dois. Mas chega esse momento em que não é preciso dizer nada - na encruzilhada, ambos sabem que é preciso tomar outro rumo, outra direção. "O cinema é uma mídia que se presta a múltiplos usos. Hoje, a indústria aposta no infinitamente grande, mas há um cinema mais contido, das pequenas vidas, dos efeitos minúsculos ou de nenhum efeito. Um filme como Hotel Marigold 2 aposta nisso. O amor, a vida, a reconstrução. Já no primeiro filme tínhamos personagens confrontados com sua finitude, a morte. Lá, eles já descobriram a vida. Agora, é preciso tornar essa descoberta um pouco mais complexa. Já que uma escolha foi feita, a de viver, vejamos como se apresentam as outras escolhas."

O repórter não resiste e volta a Judi (Dench), a Maggie (Smith) e a Bill (Nighy). Judi e Maggie são verdadeiras instituições da arte de representar. Bill talvez seja menos famoso, mas o espectador com certeza reconhece aquele velhinho que é sempre bom, não importa o papel. "Acho que meu dever como diretor é oferecer aos grandes atores com quem trabalho o melhor material possível", diz. "Eles são os melhores instrumentos. Não posso desvirtuá-los oferecendo um material de segunda. Hotel Marigold 2 não nasceu com a proposta de ser um grande filme. O 2 foi mais difícil de fazer, mas foi muito estimulante. E todos tivemos o melhor período de nossas vidas. Richard (Gere) ficou quatro dias no set para fazer toda a sua parte.Deu duro, mas partiu radiante. Esse filme é um pouco sobre isso. O que a gente pode fazer, é bom fazer da melhor forma." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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