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Região amarga queda no PIB pelo quarto ano seguido

Observatório da Metodista prevê retração de
5,09% para 2014 na atividade do Grande ABC

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
30/04/2015 | 07:26
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Divulgação


A economia do Grande ABC deverá encolher pelo quarto ano consecutivo. O PIB (Produto Interno Bruto) da região terá queda de 5,09% em 2014, conforme projeção feita pelo Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo. O iABC (Indicador de Comportamento do PIB do Grande ABC) é uma prévia do índice medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cujos dados regionais e municipais são divulgados sempre com média de dois anos de defasagem.

A série de resultados negativos na geração de riquezas do Grande ABC teve início em 2009, quando foi registrada queda de 7,07% na atividade econômica da região. No ano seguinte, houve crescimento expressivo, de 11,83%. A partir daí, o desempenho do setor produtivo nas sete cidades declinou 1,08% em 2011 e 5,3% em 2012. Para 2013, a previsão do iABC é de redução de 0,41% – os dados oficiais devem ser divulgados em dezembro –, devendo atingir nível de retração na casa de 5,09% em 2014.

Na comparação com os resultados do Brasil e do Estado de São Paulo, a região foi mais afetada pela crise devido à queda no poder de compra da população e à diminuição das exportações. Em nível nacional, o PIB registra altas há cinco anos, sendo 7,53% em 2010, 2,73% em 2011, 0,87% em 2012 e 2,3% em 2013. Para 2014, a previsão é de que a economia cresça apenas 0,15%, desempenho conhecido como recessão técnica. O Estado também registra evolução no volume de produção desde 2010, mas a previsão é de que haja diminuição de 1,9% no indicador de 2014.

Para o professor Sandro Maskio, da Faculdade de Administração e Economia da Metodista e coordenador do Observatório Econômico da universidade, o Grande ABC é mais afetado pela crise devido ao fato de a economia regional depender muito da atividade industrial, especialmente do ramo automotivo. Apenas no ano passado, a indústria cortou 15.093 postos de trabalho nas sete cidades. “É natural que, do ponto de vista regional, as economias dependam de um ou outro setor especificamente, tendo concentração produtiva. Quando esse setor vai mal, a economia do local também tem desempenho negativo.”

Maskio salienta que a mesma lógica pode ser aplicada em períodos de crescimento de um tipo específico de atividade – no caso do Grande ABC, a indústria. Em 2010, por exemplo, enquanto o PIB nacional evoluiu 7,53%, a produção da região foi 11,83% maior do que no ano anterior. “Nesse período teve o início da política de redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e de estímulo ao crédito. Isso movimentou bastante a indústria automobilística.”

Outro problema responsável pela retração no Grande ABC é a diminuição nas exportações. Dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) revelam que, no ano passado, a balança comercial na região teve deficit de US$ 400,63 milhões. O resultado foi motivado principalmente pela diminuição no volume de exportações para a Argentina que, após crise cambial, adotou políticas protecionistas. No ano passado, o país vizinho comprou US$ 943,48 milhões a menos de produtos das empresas das sete cidades. Em 2014, os argentinos eram responsáveis por 38% das exportações na região. No ano anterior, a fatia alcançava 44%.

O especialista prevê que haja retomada do crescimento econômico da região somente após o período de um ano e meio a dois anos. Maskio reconhece que as empresas e as prefeituras do Grande ABC têm pouco a fazer para tentar reverter o quadro negativo. “Se pensar em inflação, câmbio e regulação de mercado de capitais, tudo isso é tema do governo federal. A gente depende muito de ambientes macro.” Em relação a melhorias na política tributária, o professor pondera que esse tipo de mudança a nível municipal não causaria grandes efeitos às empresas, pois são de responsabilidade das prefeituras taxas como o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e ISS (Imposto Sobre Serviços). Os tributos mais pesados são de competência da União e do Estado.

O coordenador do Observatório Econômico salienta ainda a necessidade de a indústria da região “diversificar o volume de parceiros comerciais”, com o objetivo de diminuir os impactos quando determinado comprador internacional passa por momento de crise, como a Argentina.

Como consequência da retração na atividade industrial, os setores de comércio e serviços também refletem resultados negativos. “A indústria não é o que mais gera emprego, mas é o que mais gera renda. Então, quando a indústria vai mal, os demais segmentos também param.” Mesmo no caso dos serviços, Maskio salienta que são atividades voltadas para a produção nas fábricas, como transportes, terceirização de mão de obra e serviços técnicos especializados.
 




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