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Em seis meses, Dilma só
paga PAC deixado por Lula
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
04/07/2011 | 07:52
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No primeiro semestre do governo Dilma Rousseff (PT), a prioridade do governo federal foi pagar a conta de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre as obras do Programa de Aceleração do Crescimento, vitrine da campanha presidencial.

Dos R$ 40,2 bilhões orçados para o programa no orçamento da União em 2011, Dilma - que foi apelidada por Lula de mãe do PAC - pagou em seis meses o equivalente a 30,3% do total (R$ 12,2 bilhões). Mas apenas 3,91% (R$ 1,5 bilhão) referem-se a obras execuitadas em sua gestão. Os outros R$ 10,6 bilhões (26,4%) pagos referem-se a ações executadas na gestão Lula, caracterizados como ‘restos a pagar', já que refere-se a exercícios anteriores.

Os dados constam no Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal) e foram compilados pela entidade Contas Abertas.

Do pouco valor pago exclusivamente do governo Dilma, o setor que menos recebeu recursos, relacionados ao PAC, foi a Saúde. Foram pagos entre janeiro e junho apenas R$ 120,3 mil do orçamento 2011 e R$ 252 milhões deixados da administração anterior. A maior fatia relativa a 2011 ficou com o Ministério dos Transportes, que já arcou com R$ 1 bilhão do orçamento deste ano. Meio Ambiente, por exemplo, pagou só o saldo de restos a pagar, no valor deR$ 12 milhões.

 

FATURA DA ELEIÇÃO

O curioso é que os gastos do mesmo exercício do PAC tiveram evolução em 2009 e 2010, anos em que Lula trabalhou pela eleição de Dilma, no ano passado.

Há dois anos, quando o então presidente começou a sair pelo Brasil com Dilma a tiracolo, ele pagou, entre janeiro e junho, 5,16% do orçamento de 2009 do PAC e 24,6% de restos a pagar. Em 2010, ano da disputa eleitoral, Lula pagou, percentualmente, no mesmo período do ano, o dobro de Dilma deste ano (8,05%), levando-se em conta apenas os investimentos do ano e não os atrasados.

Mesmo com o aumento do pagamento das contas herdadas de Lula, a administração Dilma ainda tenta encontrar fórmula para arcar com mais R$ 22,3 bilhões de restos a pagar do PAC.

Para o deputado estadual Orlando Morando (PSDB-São Bernardo), líder do partido na Assembleia, a queda nos recursos relativos ao orçamento do ano demonstra o caráter eleitoral do programa. "Não existe aumento de investimento ano a ano. O que ela está fazendo é pagar a conta criada no período eleitoral. Para mim, é o uso claro da máquina pública na campanha."

O deputado estadual Donisete Braga (PT-Mauá) considera normal o alto índice pago de restos a pagar do PAC. "Acho natural que isso ocorra quando há mudança de governo, mesmo que represente continuidade. É claro que o correto seria manter o programado, mas não tenho dúvida que a Dilma irá recuperar os investimentos do PAC no segundo semestre."




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