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Nasi ao vivo
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
19/05/2010 | 07:00
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"É importante saber a hora/ Deixar pra trás as cinzas do passado". O trecho de "Aqui Não é o Meu Lugar" é um ótimo índice do que passa pela cabeça de Marcos Valadão Rodolfo, o Nasi. Depois de um período conturbado que se seguiu à dissolução do Ira! no fim de 2007, o vocalista sinaliza outros tempos com um novo trabalho altamente pessoal. "Vivo na Cena", CD e DVD gravados em setembro, é um bem-acabado amálgama de suas fases. E marcos não faltam na trajetória que começou no fim de 1981, durante festival na PUC.

Nasi conseguiu costurar porções de sua história com segurança de veterano e fôlego de garoto. "Vivo em Cena" parte do Voluntários da Pátria (com a qual gravou o primeiro disco de sua carreira), relembra o Nasi e os Irmãos do Blues e, claro, o Ira!. Desta última, pinçou "Milhas e Milhas", gravada originalmente em 2001 e "Tarde Vazia".

O que ambas têm em comum? Não são assinadas apenas pelo guitarrista Edgard Scandurra, principal letrista da banda e maior alvo das críticas do vocalista. "O Gaspa (baixista e um dos autores das canções) sempre foi subaproveitado no Ira! e acho que as músicas mereciam versões melhores do que tiveram", diz, sem medir palavras. "Também acho que não é o momento de gravar coisas do Edgard. Aliás, não sei se esse dia chegará. As pessoas acham que eu não posso fazer isso por causa da briga. Mas é uma coisa mais de ‘segue o teu caminho que eu tô seguindo o meu'", resume. "Se até a Sula Miranda gravou música dele, por que eu não poderia?"

Gaspa integrou a ação que Scandurra e o baterista André Jung moveram contra Nasi. Mudou de ideia e chegou a tocar com o ex-companheiro logo depois. Ele é o único com quem Nasi mantém contato. No momento, a única ação em andamento é a que moveu contra o irmão, Airton Valadão Junior, ex-empresário. "E por que não dizer? Ex-irmão também", afirma.

A personalidade por vezes explosiva está expressa no material extra do DVD, editado em videoclipes. Em certo momento, Nasi explode com o operador do teleprompter. "Era a letra de Bala com Bala, música nova que ainda não estava decorada. A banda estava no gás e o cara não estava acompanhando. Eu tinha parado a gravação duas vezes", explica. "É uma cena que eu nunca cortaria. Não quero ser chapa-branca", afirma.

Além das conhecidas porções pós-punk e blueseira, Nasi passeia também por versões de músicas de Cazuza ("O Tempo não Para") e Raul Seixas ("Rockixe", com participação de Marcelo Nova). Outro dueto é com Vanessa Krongold, vocalista do Ludov. A música é Por Amor, de Zé Rodrix, já registrada pela antiga banda no Acústico MTV.

Do início da cena pós-punk brasuca traz também versões de clássicos do Muzak e dos cariocas do Picassos Falsos. A salada se completa com uma versão de Carlos Careqa para "Jersey Girl", de Tom Waits. A gravação do material ficou a cargo dos produtores Apollo 9 e Roy Cicala (norte-americano que gravou de John Lennon a Patti Smith).

A banda que o acompanhou é formada pelo multi-instrumentista Johnny Boy, o tecladista André Youssef, o guitarrista Nivaldo Campopiano e o baterista Evaristo Pádua. Todos foram conhecidos em diferentes momentos do cantor. "Tem esse estereótipo sobre mim, de eu ser controlador. Mas sou um agregador também. Fiz isso 26 anos no Ira!", frisa, como se isso já não estivesse claro.




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