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Auxiliares cobram aumento salarial em São Bernardo
Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
19/05/2010 | 07:36
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As auxiliares de limpeza da Prefeitura de São Bernardo reclamam da demora do aumento salarial, aprovado em assembleia do Sindserv (Sindicato dos Servidores) no dia 15 de abril. O piso salarial do funcionalismo passará de R$ 609 para R$ 703 e o pessoal da faxina se enquadra nesse reajuste.

Depois de 34 dias da aprovação do acréscimo salarial, a administração sequer enviou projeto de lei à Câmara para autorizar a mudança dos rendimentos. Segundo o Executivo, a matéria está em fase final de ajustes e deve ser encaminhada para o Legislativo na próxima semana. "Seus efeitos serão retroativos a março", garante a administração.

As trabalhadoras da limpeza criticam a morosidade do processo. Afirmam que a Prefeitura convocou três reuniões nos dias que antecederam a assembleia do sindicato para pedir apoio na aprovação da proposta.

Seria estratégia para avalizar o plano de reajuste do Executivo, que melhorou os vencimentos de 289 cargos, equivalentes a 5.000 funcionários. Outras 272 funções não tiveram aumento salarial. A tática deu certo. As auxiliares compareceram em massa no encontro do Sindserv e aprovaram a proposta.

"Disseram que se não aceitássemos o que estava nas mãos do sindicato não teríamos outra chance de ter aumento neste ano. Prometeram que o reajuste viria logo, mas até agora nada. Queremos mostrar nossa insatisfação, porque achamos que já deu tempo suficiente para fazer o projeto e enviar para a Câmara", frisou a auxiliar de limpeza Gislaine de Oliveira.

"Fomos informadas nas reuniões com a administração que era preciso aprovar a proposta na assembleia e que o aumento já sairia no próximo mês (maio). Disseram que a situação já estava adiantada. Fomos estimulados, mas não tivemos garantia até o momento", completou Arlete Pedro de Araújo.

Sobre as conversas com a categoria, a Secretaria de Administração enfatizou que "desconhece qualquer pedido de apoio à proposta para aprová-la em assembleia" do sindicato.

NOVA REUNIÃO - Nova reunião entre as auxiliares de limpeza e integrantes da Prefeitura está marcada para amanhã, às 15h30. Segundo o Executivo, o objetivo é "tratar de assuntos de interesse da administração, como o plano de cargos, carreiras e salários". São esperados 200 servidores. A Prefeitura ressaltou que "fará reuniões do tipo com várias categorias ao longo do ano".

Funcionalismo está insatisfeito com atuação do Sindserv

Enquanto as auxliares de limpeza reclamam da Prefeitura, os demais servidores criticam a atuação do Sindserv. A ponto de muitos - calcula-se que 1.500 - trabalhadores pedirem desfiliação do sindicato.

O problema, além da política da entidade, é o aumento na cobrança da taxa sindical mensal, que em alguns casos ultrapassou 450%. Até novembro, a contribuição era de R$ 7,93. Mas passou a ser de 1% sobre o salário dos funcionários - situação aprovada em assembleia que os trabalhadores contestam.

Charles Gomes de França Júnior, da Secretaria de Serviços Urbanos, pagava nos últimos meses R$ 43,84. "Foi acréscimo de 452%, lamentável. Entreguei minha carta de desfiliação dia 28 após 21 anos sindicalizado. Meu descontentamento com o sindicato é de longa data. É ineficiente, falta transparência e profissionalismo. Muitos colegas fizeram a mesma coisa", analisou. "Aumentaram a contribuição, mas nos últimos dois anos tivemos 0% de reajuste salarial", completou.

Segundo informações extraoficiais, cerca de 8.000 servidores eram associados ao Sindserv. Com o pagamento de R$ 7,93 por mês, a entidade arrecadava cerca de R$ 63 mil. Um dos benefícios dos sindicalizados é a assessoria jurídica trabalhista gratuita, além da participação efetiva nos movimentos da categoria.

O presidente do sindicato, Carlos Roberto da Silva, o Ketu, não foi encontrado para comentar o assunto.




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