A briga para garantir espaço e respeito à música brasileira de concerto já vem de longa data. Alberto Nepomuceno (1864-1929) foi um entre os vários compositores brasileiros que ao longo da história se engajaram nessa luta. Neste fim de semana, é a vez da Orquestra Sinfônica de Santo André dar sua contribuição, com a execução da abertura da ópera cômica O Garatuja, de Nepomuceno. A regência é do titular Carlos Moreno.

O Teatro Municipal da cidade também recebe, nas duas noites, o pianista Nahim Marum. Ele é solista no Concerto para Piano e Orquestra nº 2 de Frederic Chopin (1810-1849). O programa se completa com a Sinfonia nº 1 de Johannes Brahms (1833-1897).

"O Garatuja é uma obra linda e se comunica com facilidade", afirma Moreno. O maestro ressalta que, para apresentá-la ao público, ele e dois integrantes da orquestra tiveram de se debruçar sobre a partitura durante dois meses a fim de fazer correções. "Cerca de 30% das notas tinham problemas ou eram duvidosas", diz. A partitura revisada será encaminhada à Academia Brasileira de Música, como sugestão para uma próxima publicação da obra.

"Sou fã da música brasileira", diz Moreno. Para ele, a música nacional de concerto é questão educacional, mais que cultural. Daí a aposta em treinar ouvidos brasileiros para esse repertório. Depois de Nepomuceno, virão pelo menos Marlos Nobre e Villa-Lobos no programa da Sinfônica.

E quem for ao teatro encontrará outra novidade: rebatedores acústicos nas laterais do palco, emprestados para melhorar a qualidade do som. Ideal para conferir o virtuosismo de Marum no concerto de Chopin. Obra cuja música de acompanhamento é destacada por Moreno, dada sua coesão. Isso significa que orquestra e solista caminham juntos, sem que o grupo tenha de ceder ao pianista.

Sobre a peça de Brahms, comenta: "A Sinfonia nº 1 é para qualquer orquestra como uma vitamina, porque exercita instrumentos de textura média, como violas e fagotes. E normalmente são exigidas as vozes mais agudas".

Orquestra Sinfônica de Santo André - Concerto - Amanhã e domingo, às 20h. No Teatro Municipal de Santo André - Praça 4º Centenário, Santo André. Tel.: 4433-0789. Entrada franca.