No último comício em São Paulo antes do primeiro turno das eleições, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se emocionou. Ao ver cerca de 30 mil militantes do PT abrirem debaixo de forte chuva bandeira com os dizeres "Valeu, companheiro Lula", o chefe da Nação interrompeu o discurso e chegou às lágrimas. Em tom de despedida, emendou. "Eu é que tenho que agradecer pelos oito anos de confiança de vocês."

O ato, realizado ontem à noite no sambódromo do Anhembi, serviu para os candidatos majoritários da coligação petista em São Paulo seguirem a receita que tem dado certo: se apegarem na figura de Lula para encorpar suas candidaturas. E combinaram na estratégia de criticar o PSDB, mas sem citar o partido, referindo-se aos oposicionistas do governo federal sempre como "eles".

Candidato ao governo paulista e em segundo nas pesquisas, Aloizio Mercadante recebeu atenção especial tanto do presidente quanto dos demais concorrentes a outros cargos como Marta Suplicy (PT) e Netinho de Paula (PCdoB) - ambos ao Senado -, além de Dilma Rousseff (PT-Presidência).

"Eles podem ter mais tempo de televisão, podem ter mais força na imprensa, mas nunca vão comprar a consciência de vocês. Quando eles escondem o FHC da campanha, a nossa militância sai às ruas com orgulho de Lula e Dilma", disse o senador. "Este não é o último comício do primeiro turno. É o primeiro do segundo turno. Se a crise econômica foi uma marolinha, nossa vitória será um tsunami", concluiu Mercadante, otimista na corrida contra Geraldo Alckmin (PSDB).

Principal cabo eleitoral do PT, Lula mostrou maior preocupação com a candidatura ao governo paulista e atacou o PSDB para promover o companheiro. "O governo de São Paulo fica só dentro daquele Palácio (dos Bandeirantes) e acha que não tem pobre no Estado. Não basta eleger Dilma. É preciso acabar com essa história de tucano no governo. Está na hora de colocar uma estrela em São Paulo."

Gafes - A missão de angariar votos aos candidatos majoritários do PT tem deixado o presidente confuso. Em seu discurso, por mais de uma vez cometeu gafes. A principal delas foi quando pediu votos para Marta Suplicy. "Neste ano podemos escolher dois senadores. Então é Netinho 650 e Marta 131. 131? Ah, 133!", lembrou, com auxílio da bancada petista.

Já quando se despedia, o candidato a vice-presidente Michel Temer (PMDB) chegou ao palanque. Lula novamente se confundiu. "E acaba de chegar o Temer, o vice da Marta Suplicy. Opa! Vice da Dilma."