Criado na semana passada com discurso de independência do PT na Câmara de São Bernardo – mas sem deixar de ser governista –, o G-9 travou ontem os trabalhos no Legislativo pela primeira vez neste segundo mandato do prefeito Luiz Marinho (PT). O ato emperrou o expediente da Casa. Em quatro horas de sessão, a única atividade realizada pelos parlamentares foi a leitura de notas de pesares.

Na pauta, havia 40 proposituras que poderiam ser colocadas em discussão, sob o caráter de urgência. No entanto, sem as 15 assinaturas necessárias – dois terços dos parlamentares –, as matérias foram congeladas, obrigando o presidente do Legislativo, José Luís Ferrarezi (PT), suspender sucessivamente os trabalhos.

“Minha função é de organizar os trabalhos e conduzir o andamento dos projetos. Há diálogo entre o grupo da base e o governo. Então, não adianta forçar barra e colocar pauta para se votar, confrontando os interesses aqui dentro. Não vou fazer isso. Como tenho essa prerrogativa, vou esperar pelo desfecho desse impasse”, justificou Ferrarezi.

Líder da bancada do PT, Luiz Francisco da Silva, o Luizinho, contou que tentou contornar a situação no decorrer da sessão. “Chamamos para o diálogo, para buscar consenso, para que o trabalho não fosse prejudicado, mas não teve jeito. O Executivo vai ajudar a conseguir isso”, detalhou.

Pela oposição, a rebeldia da nova ala não foi vista com bons olhos. Juarez Tudo Azul (PSDB) e Osvaldinho Camargo (PPS) ainda desconfiam da autenticidade do G-9. “Não dá para saber onde eles querem chegar, pois seguem parceiros do Marinho”, atacou Juarez.

“Fiquei com vergonha do que aconteceu aqui hoje (ontem). Não produzimos nada por causa de conflito de interesses. Seremos cobrado por isso”, expressou Osvaldinho.

Integrantes do G-9 se retiraram antes do término da sessão, sem conceder entrevista.