Projeto de lei que tinha tudo para passar despercebido roubou a cena na sessão de ontem, na Câmara de Mauá. Por nove votos favoráveis e seis contra, foi aprovada em primeira discussão a mudança de nome de escola municipal. Embora o item, que entrou em caráter de urgência, pareça simples foi estopim para intenso debate político e ideológico entre os parlamentares. Isso porque a atual denominação da escola, localizada no bairro Feital, é Clotilde Alvares Doratiotto (que morreu em 2004), avó da deputada estadual Vanessa Damo (PMDB).

O prefeito Oswaldo Dias propõe a colocação do nome da ex-secretária de Educação Jeanete Beauchamp, que morreu em 2009 e ocupou a Pasta de 1997 a 2000, durante gestão de Dias (1997-2004) em prédio que fica ao lado da escola e é entendido por alguns como anexo. Porém, a bancada governista defendeu que trata-se de novo equipamento separado por viela e que não haverá mudança de nome, apenas de função. "Não se revogou o nome do homenageado. O espaço onde está a escola será transformado em Cras (Centro de Referência de Assistência Social) e permanecerá com mesma denominação. O que levará o nome da Jeanete é a escola construída ao lado", disse o líder governista, Rômulo Fernandes (PT).

Quase todos os vereadores defenderam suas teses sobre o tema. Atila Jacomussi (PV), autor da lei que denominou a escola de Clotilde classificou o fato como "atrocidade."

Já Manoel Lopes (DEM) falou em sede de vingança. "Essa lei não vai ficar barata para o poder público. Irei até o fim para provar que há erro."

Rômulo rebateu as críticas dos pares. "Não cabe a palavra vingança. Isso não é verdade. Haverá ampliação de vagas, de 548 para 1.040."

A deputada estadual Vanessa Damo (PMDB) afirmou que a proposta é um desrespeito à sua família e classificou como ataque pessoal. "Foi uma homenagem para eternizar o nome da minha avó que sempre incentivou a educação. Estou indignada. É falta de sensibilidade do prefeito. Com essa decisão ele ataca a mim e à minha família", esbravejou a parlamentar.