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'Ouvir vinil é volta do prazer de Ouvir Música'
Luzdalva Silva Magi
Especial para o Diário
28/02/2011 | 08:52
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Como surgiu a ideia da feira livre do vinil em Santo André?
CESAR GUISSER - A ideia apareceu em conversa entre o poeta Zhô Bertholini e o colecionador Pedro Marcos Provazzi sobre a dificuldade de comprar discos. Resolveram trazer sebos e lojistas para um evento aqui. A primeira edição foi no Museu de Santo André. Participei como colecionador, só expondo parte de minha coleção. Foi bom, fiz novas amizades e aumentei meus conhecimentos. Estive também na segunda e terceira edições. Na quarta, já estava ajudando. Hoje, além de ser responsável pela organização, desenvolvo um trabalho para levar a FLV para outros eventos de relevância.

Como é feito o planejamento do evento?
GUISSER - No início, o trabalho foi grande. Sem contar o gasto de verba. Pedro e eu usávamos nossos telefones particulares para convidar expositores e dividíamos a tarefa de distribuir cartazes de divulgação. Hoje o evento anda com mais facilidade. A preocupação maior é cadastrar novos participantes, conseguir patrocinadores para cartazes e flyers e controlar número e posicionamento dos participantes, pois nosso espaço é limitado.

A feira acontece em média proporção. O que é preciso para que se torne um acontecimento cultural de grande porte?
GUISSER - Diria que nossa atuação é de pequeno porte. Já tivemos mais expositores e público. Precisamos de pessoas que vejam a importância do evento culturalmente e economicamente e que pudessem nos ajudar a divulgar. Precisamos até de uma dose de sorte para aparecermos em programa de TV de abrangência.

A música tem o poder inusitado de movimentar as pessoas. Em sua opinião, pode-se atribuir a isto o sucesso da feira?
GUISSER - Esse é um dos fatores. Porém, se os expositores não tivessem material de qualidade, não adiantaria. O público vem pois sabe que encontra o que lhe interessa.

Quando começou seu envolvimento com a música e sua paixão por vinil?
GUISSER - Meu pai, Romildo Guisser, cantava no coro da Igreja do Carmo. Em casa, quando não cantava, assobiava sambas-canções, boleros, tangos, etc. Eu ia junto a pescarias nas quais os amigos dele levavam instrumentos e, enquanto descansavam, tocavam. Além de gostar de música, aprendi a gostar de todo tipo de arte.
É possível garimpar raridades na feira. Isso faz com que a frequência de colecionadores seja maior?
GUISSER - Sim. Passaram por aqui alguns dos mais famosos e procurados discos fora de catálogo. A saber: Paêbiru, do Zé Ramalho e Lula Cortez; Não Fale com as Paredes, do Módulo Mil; Louco por Você, o primeiro do Roberto Carlos; Yesterday & Today dos Beatles e Tobruk, gravado em inglês, do grupo brasileiro Light and Reflection, além dos menos raros, mas muito procurados: Psicodélico da Gal Costa e álbuns da banda Recordando o Vale das Maçãs, além dos discos dos Mutantes originais ou em reedições.
O evento é satisfatório comercialmente?
GUISSER - Se não desse retorno financeiro para os que vendem, eles não voltariam. Como formamos um time de aproximadamente 20 participantes (já fomos 35), entendo que funciona.

O advento do CD tirou o vinil de circulação por um tempo. Era esperado esse renascimento?
GUISSER - Não houve renascimento, o que aconteceu foi que no Brasil não houve mais produção. Na Europa, Estados Unidos e Japão a isso só diminuiu. Há quatro anos, aconteceu o inverso, diminuíram as vendas de CD e aumentaram as do LP em números significativos.

A que você atribui esta volta?
GUISSER - Ouvir um vinil é a volta do prazer de ouvir música, dedicar uma parte do dia para se recordar músicas do passado e ouvir as novas ideias que estão sendo gravadas. Não quero dizer com isso que sou contra o CD, ele é importante para que se possa ouvir música em qualquer lugar, no carro, numa festa que não haja um toca-discos, na praia. Só acho que se apropriar de obras prejudicando os autores não é justo. E se tem gente que consegue transformar boa música em fundo musical para viajar de ônibus ou se isolar de outras pessoas, paciência.




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