Economia Titulo Negociação
Pirelli melhora proposta de lay-off

Após pressão de trabalhadores, empresa ampliou benefícios a quem for atingido pela medida; não houve decisão sobre a carga horária semanal

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
16/04/2015 | 07:29
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Claudinei Plaza/DGABC


Depois de pressões por parte dos trabalhadores, a Pirelli recuou e aceitou melhorar as condições do lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) para 1.500 funcionários a partir do fim do mês nas quatro fábricas da empresa no País, sendo 450 em Santo André. Entretanto, a multinacional italiana ainda não se posicionou sobre uma das principais reivindicações do Sindicato dos Borracheiros da Grande São Paulo e Região, que é contra a ampliação da jornada de trabalho de 39,5 para 44 horas semanais.

Na manhã de ontem foi realizada reunião entre representantes da Pirelli e do sindicato. O encontro, que durou quase três horas, ocorreu na sede da entidade, na região central da Capital. As partes devem se reunir novamente hoje para finalizar os termos do acordo que, na sequência, será submetido a aprovação em assembleia.

Segundo o presidente do sindicato, Márcio Ferreira, um dos principais avanços na negociação é o aumento da multa paga aos empregados caso haja demissão durante o período de lay-off, previsto para durar cinco meses, ou assim que retornarem ao trabalho. Embora a legislação determine o pagamento de um salário nominal ao funcionário dispensado, a categoria exigia cinco. A companhia, então, aceitou elevar a multa para três salários.

Ferreira informa que a empresa concordou em continuar depositando 8% do salário de cada profissional para o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), o que também não é previsto pela legislação.

Durante a suspensão do contrato, os funcionários têm parte da remuneração paga pelo governo federal, por meio do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), com teto equivalente ao do seguro-desemprego, de R$ 1.385,91. De acordo com o presidente do sindicato, a companhia garantiu que complementará o valor do salário até atingir 100% dos vencimentos. Ou seja, se o colaborador ganha R$ 3.000, a União arcará com R$ 1.385,91 e a empresa com R$ 1.614,09.

“Além disso, a Pirelli se comprometeu que o pessoal do lay-off será beneficiado com todas as cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho, além de receber 100% da PLR (Participação nos Lucros e Resultados).” A categoria, cuja data-base é 1º de junho, já iniciou a campanha salarial. Entre as principais reivindicações está a reposição da inflação mais aumento real de 2%, além de PLR de R$ 12 mil para as fabricantes de pneus.

Outra reivindicação atendida, de acordo com o sindicalista, é o fornecimento de vale-transporte para os colaboradores durante o período de afastamento para deslocamento até unidade de ensino onde passarão por curso de capacitação profissional – uma das exigências da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) para quem estiver com o contrato suspenso. No local das aulas, será fornecida refeição, para qual será descontado R$ 1,66 por dia. Também será mantido o convênio médico.

CARGA HORÁRIA - Ainda falta ser definida a jornada dos empregados que permanecerem em atividade. No início do mês, a Pirelli propôs mudar o regime de trabalho de 6x2 (seis dias de trabalho e dois de descanso) para 6x1 (apenas uma folga), reduzindo o número de turmas de quatro para três e encerrando a produção aos domingos. Com isso, a carga horária semanal passaria de 39,5 para 44 horas. “Como há outras unidades no País, é preciso fazer uma composição que atenda às necessidades de todas”, comenta Ferreira.

Mesmo sem a decisão final, o presidente do sindicato avalia que as negociações estão sendo positivas para os trabalhadores. “Estamos avançando. Se continuarmos assim, vamos fechar o acordo. Nossa maior preocupação é manter os empregos e os direitos trabalhistas”, afirma.

Os representantes da Pirelli deixaram a reunião sem falar com o Diário. A empresa foi procurada para se posicionar sobre os desdobramentos do encontro, mas apenas confirmou que haverá novo encontro hoje.

CRISE - O objetivo das medidas é adequar a produção à queda nas vendas de pneus. No primeiro trimestre de 2015, houve retração de 17% nos emplacamentos de veículos em comparação ao mesmo período do ano passado. O estoque na fábrica de Santo André tem hoje quase 1 milhão de unidades armazenadas, entre itens para carros de passeio e pesados.

Após três semanas do anúncio da aquisição do controle acionário da fabricante de pneus pelo grupo ChemChina (China National Chemical Corporation), transação avaliada em US$ 7,7 bilhões, a companhia também ainda não se posicionou perante os funcionários. 




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