Carlos Boschetti Titulo Análise
A saga dos 100 dias
Carlos Boschetti
16/04/2015 | 07:11
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Os 100 primeiros dias de um novo governo são críticos para a nova administração. Nesse pequeno espaço de tempo, nenhum presidente constrói novo cenário para o País, mas indica os caminhos e direciona as estratégias para alcançar as promessas de campanha e cumprir com a lei de responsabilidade fiscal que obriga a gestão pública a garantir a estabilidade monetária do País e cumprir com suas obrigações sociais, financeiras, econômicas e crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).

A governabilidade do novo governo foi organizada por aliança multipartidária para garantir maioria no Congresso e obter os votos dos parlamentares para os projetos que o governo prioriza para realizar seus programas. Portanto, bom relacionamento entre o Palácio da Alvorada e o outro lado da rua, onde se encontra o Congresso Nacional com os representantes do povo e dos Estados, faz-se necessário. O fato é que vamos continuar assistindo a embate entre forças nunca antes vivenciados no cenário político: a presidente está numa disputa levando fogo amigo de seus potenciais aliados.

Antes mesmo de assumir a faixa presidencial em 1º de janeiro, a crise já estava em andamento, com a constatação pelo próprio governo de que as ações econômicas executadas e pela antiga equipe econômica deixaram herança aos cofres públicos da ordem de mais de R$ 100 bilhões.

O impacto da rolagem da dívida oriunda das pedaladas e da famosa contabilidade criativa deixou vários esqueletos ao longo do caminho. Agora é preciso pagar as dívidas da gestão passada, o que deixou evidente para toda a nação o descaso com os recursos públicos e a falta de habilidade política com os congressistas. Os conflitos internos no Palácio e a latente falta de dinheiro no caixa da União levaram o ministro da Fazenda a elaborar plano de emergência com cortes agressivos em todas as Pastas, mas, no fundo, quem vai pagar a conta, mais uma vez, é a população, com aumento significativo de impostos.

Por outro lado, o cenário político agravou substancialmente com o racha do principal partido de apoio ao governo, que criou agenda própria, principalmente na Câmara dos Deputados, gerando conflito de interesses agudo no que tange ao poder de influência nas matérias vitais para a governabilidade no curtíssimo prazo. As manifestações públicas, que mobilizaram espontaneamente mais de 1, 5 milhão de pessoas em prazo menor que um mês, e a falta de competência política de analisar e entender os pleitos das ruas, suas insatisfações e o imobilismo, refletiram na última pesquisa Datafolha índice de insatisfação acima de 60%.

As tentativas de articulações políticas foram terceirizadas, isolando a presidente e deixando a governabilidade ao PMDB, que assumiu a direção do País. Enquanto isso, a economia penaliza mais uma vez o trabalhador, que é refém de política sem compromisso. Este sim, sem nenhuma proteção, sente no bolso o empobrecimento, principalmente na hora da declaração do Imposto de Renda, pois nosso patrimônio vem reduzindo ano a ano. Pela falta de conhecimento, os trabalhadores focam suas vidas somente no presente. Poucos fazem análises do seu imposto pago e seu patrimônio nos últimos dez anos e tampouco visualizam o futuro para os cinco anos que estão por vir.

Esse simples exercício muda o entendimento e as decisões referente a nossas vidas e nosso papel como contribuintes e beneficiários do sistema pelo qual trabalhamos cinco meses por ano para pagar máquina governamental leonina, que não aprende com os próprios erros e que a sociedade, cansada, foi às ruas exigindo mudanças já. 




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