Política Titulo Lava Jato
Juiz desmente Padilha sobre elo com Youssef

Sérgio Moro revela encontro entre ex-ministro e doleiro; ao Diário, petista negou conhecer lobista

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
14/04/2015 | 07:00
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Montagem/DGABC/AE


Despacho do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato, contradiz o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT), que, em entrevista ao Diário durante a corrida eleitoral do ano passado, negou conhecer ou ter tido reunião com o doleiro Alberto Youssef, apontado como um dos operadores do escândalo de corrupção na Petrobras e que pode acometer a Caixa Econômica Federal e o Ministério da Saúde.

No documento em que autoriza busca e apreensões na 11ª fase da Lava Jato, Sérgio Moro revela existência de reunião entre Padilha e Youssef, encontro esse omitido pela Pasta da Saúde. A PF (Polícia Federal) suspeita que Padilha e Youssef estiveram no apartamento funcional do ex-deputado André Vargas (ex-PT), preso na sexta-feira suspeito de desviar recursos da Caixa e do Ministério da Saúde em contratos. Em delação premiada, Youssef afirmou que a reunião serviu para tratar de acordo entre o setor liderado por Padilha com a Labogen – convênio sob investigação.

Em entrevista ao Diário, publicada no dia 4 de junho, Padilha, então candidato do PT ao governo do Estado, negou qualquer elo com Youssef. “Nunca tive relação, não o conheço, não tenho recordação ou registro de reunião ou contato. Nunca foi apresentado”, respondeu o petista. À ocasião, foi noticiada influência de André Vargas e Youssef na contratação da Labogen – adquirida pelo doleiro – por parte do Ministério da Saúde. Padilha assegurou, à época, que o acordo não chegou a ser formalmente fechado.

Pelo despacho, Moro diz que “agentes do Ministério da Saúde faltaram, aparentemente, com a verdade para com este juízo ao não revelarem todos os fatos envolvidos na aprovação da parceria (entre a Pasta e Labogen). Há situações estranhas no processo administrativo”. “Foi omitida qualquer informação acerca dos aludidos encontros entre André Vargas com Alexandre Padilha ou com Cargos Gadelha (ex-secretário executivo do ministério) a respeito dos fatos.”

Na entrevista, Padilha admitiu que Vargas fez lobby a favor da Labogen. “Sempre disse que a pessoa que sempre apresentou de alguma forma o laboratório Labogen foi o deputado André Vargas. Ou diretores da Labogen, que foram em audiências com a equipe técnica, em processo público e transparente.”

Padilha não figura na lista de investigados da Lava Jato. Hoje ele exerce função de secretário de Relações Governamentais da prefeitura de São Paulo, comandada pelo petista Fernando Haddad.
O Ministério da Saúde suspendeu os pagamentos à agência de publicidade Borghi/Lowe – também sob suspeita da PF – e abriu sindicância para apurar o caso. 




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