Política Titulo Posição
Nas ruas, povo reafirma
insatisfação por Dilma

Manifestações ocorreram em diversas cidades, mas
não repetiram adesões dos protestos de 15 de março

Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
13/04/2015 | 07:47
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Marina Brandão/DGABC


As manifestações contrárias ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT), de ontem em diversas cidades do País, não repetiram as adesões dos protestos ocorridos no dia 15 de março, embora a postura de insatisfação popular continue nas ruas. No Grande ABC, o município que contabilizou maior número foi Santo André, onde 5.000 pessoas, segundo a Polícia Militar, caminharam pela Avenida Perimetral, mostrando sua indignação contra o PT e o governo federal, requerendo, principalmente, a saída da presidente, o fim da corrupção e novas eleições.

Em São Bernardo, o ato que estava marcado para as 14h conseguiu agrupar cerca de 200 participantes, após concentração em frente ao Ginásio Poliesportivo Adib Moyses Dib, que marcharam pela Avenida Kennedy. Apenas 80 pessoas integraram a passeata promovida em São Caetano, ocupando somente uma faixa da Avenida Goiás. Apesar do volume abaixo do esperado, o sentimento era semelhante ao anterior. Segundo pesquisa Datafolha, publicada ontem, o apoio dos brasileiros aos protestos é de 75%, o que revela o alto índice de descontentamento com o atual governo.

Em Santo André, a concentração do protesto ocorreu no Paço, às 10h, e contou com um carro de som. Os manifestantes cantaram o Hino Nacional. Logo depois, algumas lideranças discursaram. “Hoje é mais um dia de lutarmos contra a corrupção no País. Estamos vestidos de verde e amarelo para contrastar com o cinza do poder público, que se corrompeu”, citou o presidente da subsecção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Santo André, Fábio Picarelli.

No local, Breno Reginaldo Silva, 54, balançava incessantemente uma bandeira do Brasil. Aplaudia e entoava gritos de “Fora Lula!”, “Fora PT!” ao se mostrar excitado com a possibilidade da eventual abertura de processo de impeachment contra Dilma. “Só assim conseguiremos mudar o País. Mas apoio o retorno dos militares”, defendeu Breno. Vereador pelo PSB de Santo André e oposição ao PT no município, Almir Cicote afirmou que a cúpula petista utilizou de “estelionato eleitoral” para ludibriar a população no pleito presidencial do ano passado. “Até quem votou no PT e na Dilma se sentiu lesado. Estamos lutando contra a corrupção, mas acredito que as manifestações sejam recado para cada administração petista”, mencionou o parlamentar.

O evento andreense teve diferença de 2.000 pessoas se comparado a edição anterior, quando 7.000 compareceram. Em São Bernardo, o contraste foi superior: 4.000 adeptos em março. “Não importa se juntamos 10 pessoas ou 10 mil. O que importa é o povo estar nas ruas”, disse Júnior Moreira, um dos organizadores. O mesmo cenário se deu pelos lados de São Caetano, que teve 5.000.

Na Capital, o contingente também foi inferior em relação ao evento de março e frustrou a expectativa dos organizadores, que era dobrar a quantidade. Segundo a PM, 275 mil pessoas passaram pela Avenida Paulista, número bem menor do que aquele 1 milhão contabilizado há menos de um mês.

Populares pregam sequência, contudo não há nova agenda

Populares incentivaram ontem a sequência de manifestações para dar continuidade a onda de reivindicações. Em contrapartida, pelo menos por enquanto, não há data marcada para novo protesto em âmbito nacional. Questionados nas ruas, série de adeptos pedia pela manutenção da postura contra a classe política. “É sempre importante haver movimentações nas ruas para que as cobranças não cessem. Acredito que se os protestos continuarem as chances de a Dilma sair são grandes”, frisou a professora de História Maria Lúcia, 72, na Avenida Paulista.

Eudes Martins, 38, classificou como significativa a presença nas ruas. “Represento a União Nacionalista – grupo que apoia a intervenção militar – e me sinto na obrigação de estar aqui. Trouxe minha faixa e acredito que só mudaremos o País com o poder do povo”, explicou ele. “A manifestação é relevante. A anterior tinha mais gente. Sei que não gostaria que os protestos parassem”, concluiu.

Ao levantar os números de adeptos nas capitais, segundo os órgãos de Segurança, estiveram nas ruas, ontem, aproximadamente 660 mil pessoas em 24 Estados contra os 2 milhões registrados no mês passado – cerca de um terço do total. Em Curitiba, no Paraná, 40 mil manifestantes se reuniram na cidade. Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, levou 35 mil adeptos e Brasília, 25 mil pessoas. No Rio de Janeiro foram 10 mil e Belo Horizonte, em Minas Gerais, 6.000 participaram do ato.




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