O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, deixou claro nesta quarta-feira que vetará a lei sobre o financiamento público a pesquisas com células-tronco originadas de embriões, aprovada no dia anterior pela Câmara dos Representantes e que está em discussão no Senado.

"Vetarei a lei, se for aprovada pelo Senado", garantiu Bush, que até hoje nunca fez uso desta ferramenta.

A lei foi adotada na Câmara - de maioria republicana - por 238 votos contra 194, número menor do que a maioria de dois terços necessária para sua ratificação, caso enfrente o veto presidencial. Antes de ser enviado para Bush, o texto precisa da aprovação do Senado.

O projeto busca revogar o decreto de Bush de agosto de 2001, que proíbe o financiamento à pesquisa com células-tronco provenientes de embriões destruídos.

Na terça e na última sexta-feira, Bush já tinha anunciado seu veto a esse tipo de lei. "Não devemos usar o dinheiro público para apoiar mais destruição de vidas humanas", disse o presidente, irredutível, em discurso na Casa Branca, cercado de crianças adotadas e nascidas da fertilização embrionária in vitro.

Na terça-feira, os deputados aprovaram quase por unanimidade uma segunda lei, para criar uma rede nacional de bancos de sangue extraído do cordão umbilical dos recém-nascidos. O objetivo é facilitar a pesquisa das células-tronco e o tratamento dos pacientes. Em um relatório de abril, a Academia de Ciências dos Estados Unidos sugeriu criar um banco desse tipo em nível nacional.

"As células-tronco extraídas do cordão umbilical são usadas para tratar de uma variedade de doenças, mas o sistema atual de coletar, armazenar e atribuir o sangue de cordões é fragmentado e menos eficaz do que poderia ser", destacou a instituição no relatório.

Apoiada pela comunidade científica, esta lei é considerada insuficiente pelos pesquisadores, pois as células-tronco dos cordões umbilicais parecem servir apenas para tratar de doenças do sangue e algumas afecções cardiovasculares.

Já as células-mãe embrionárias podem ser manipuladas para produzir qualquer tipo de tecido humano e, em tese, tratar de todas as enfermidades.

De acordo com uma enquete divulgada nesta quarta-feira, a maioria dos médicos americanos é moralmente favorável às pesquisas desta natureza. A sondagem, feita pelo HCD Research e MCIPO (Muhlenberg College Institute of Public Opinion), revelou que 74% dos 1.622 médicos entrevistados entre 21 e 23 de abril são "moralmente favoráveis à pesquisa com células-mãe embrionárias".