O presidente da Câmara de Santo André, José de Araújo (PMDB), colocou ‘panos quentes' em relação à aquisição de veículos zero-quilômetro neste primeiro trimestre. O peemedebista garantiu ontem que a renovação da frota apenas será efetivada caso haja consenso entre os 21 vereadores. O estudo iniciado em março visa a substituição de todos os carros seminovos, ano 2007 - a troca giraria em torno de R$ 980 mil.

Araújo afirma que a mesa diretora vai avaliar o levantamento existente, atualizar os dados e, depois disso, apresentar aos demais parlamentares. Segundo ele, a troca pode abranger 26 veículos. "Na eventualidade de eles (vereadores) entenderem que a frota deva ser trocada, aí sim vai ser dado andamento (no processo). De maneira nenhuma uma decisão dessa importância, que envolve gastos, ocorre sem uma reunião com todos", afiança ele, salientando que o estudo não está finalizado. O episódio caiu como uma bomba no Legislativo, gerando insatisfação geral pela falta de comunicação sobre o levantamento.

Com a consolidação da compra, os veículos serão doados à Prefeitura. Atualmente, são 24 Fiat Pálio ELX 1.4 completo, sendo um por gabinete e outros três para o setor administrativo, além de um Ford Fusion 2.5 completo e um furgão Peugeot Boxer (para 16 lugares).

Apesar de constar no planejamento de renovação a estimativa de preço de um Ford Fusion para a presidência, Araújo assegura que não vê a necessidade de um veículo deste porte para a Casa. "Se, por ventura, os vereadores chegarem à conclusão que devemos fazer a renovação, com certeza o carro da presidência não será trocado."

Adquirido em 2007, sob a presidência do petista José Montoro Filho, o Montorinho, o Ford Fusion, que parte de R$ 76 mil, é considerado de muito luxo pelo atual presidente. "A definição para a compra foi tomada lá atrás, eu respeito", diz ele, isentando-se da responsabilidade. Questionado se o investimento entrou na pauta de discussão à época, o peemedebista não soube informar. "Para ser sincero eu não me lembro."

Segundo o presidente, devido à análise ter ficado momentaneamente paralisada, o levantamento da quilometragem de cada automóvel e o custo com manutenção terão de ser refeitos. O Diário apurou que, em média, os hodômetros marcam 65 mil quilômetros. "Ficou parado por causa do impasse (referente à votação da possibilidade do aumento do número de cadeiras). Não era o momento." A votação em setembro rejeitou a possibilidade do acréscimo de seis cadeiras de vereadores.

Demonstrando ser favorável à troca da frota em função "da alta quilometragem, que tem ocasionado gastos excessivos com manutenção", Araújo alega que o vereador tem de ter condições para desempenhar bem a função. "Os carros são utilizados como instrumento de trabalho diário. Atendimento ao munícipe, vistoria nos bairros e dos problemas levantados", relaciona.



Peemedebista diz que usou carro luxuoso uma única vez

José de Araújo sustenta que utilizou o Ford Fusion (de uso exclusivo da presidência da Câmara) em uma única oportunidade. Avaliando ser "muito luxuoso", o peemedebista afirma que durante todo o exercício de 2011 - primeiro ano do biênio à frente da Casa - usou o carro apenas para se locomover a um encontro com o presidente do Legislativo de São Paulo, José Police Neto, o Netinho (PSD), para tratar da Frente Parlamentar da Região Metropolitana.

"Só usei porque meu carro (do gabinete) tem final de placa 1 e a reunião foi numa segunda-feira. Por causa do rodízio o veículo não podia rodar", detalha.

O presidente diz que, particularmente, é contra o uso do automóvel. "É de luxo, muito caro. Por isso sou contra e não utilizo. Não me sinto bem usando um carro como este."
Araújo, no entanto, mostra despreocupação com o fato de o veículo ficar parado sem uso no estacionamento. "Deixa aí (na Câmara). O futuro presidente (em 2013), se quiser, volta a usar o carro."