Economia Titulo Sindical
GM prorroga lay-off por mais três meses

Renovação do afastamento se dá por ajuste
da produção em São Caetano à demanda atual

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
10/04/2015 | 07:20
Compartilhar notícia
Ricardo Trida/DGABC


A GM prorrogou por mais três meses o lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) de 819 funcionários na unidade de São Caetano. Os empregados, afastados das funções desde novembro, deveriam retornar hoje à fábrica, mas ficarão em casa até 9 de julho. A montadora alega que a medida tem como objetivo “ajustar a produção à atual demanda do mercado”.

A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) estabelece que “o contrato de trabalho poderá ser suspenso por um período de dois a cinco meses, para participação do empregado em curso ou programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador”. Durante esse intervalo, parte do salário é paga pela União, por meio do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), com teto idêntico ao do seguro-desemprego (R$ 1.385,91). O restante, para completar o equivalente ao valor do rendimento líquido, é bancado pela empresa.

Em caso de renovação do lay-off, porém, o Estado deixa de pagar a bolsa de qualificação e a empresa tem de assumir sozinha a responsabilidade pelo pagamento ao empregado.

O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Francisco Nunes, informa que a decisão foi tomada pela companhia após negociação com a entidade. Apesar de entender que o cenário é desfavorável aos trabalhadores, o sindicalista admite que o afastamento é a melhor solução para o momento. “É um remédio para evitar demissões. Estamos ganhando tempo para ver se a produção melhora.”

Nunes reconhece que o clima entre os funcionários em lay-off é de tensão. “O pessoal está apreensivo, com medo de não retornar. Antes desse anúncio, já havia um temor de que houvesse corte nesta semana, o que não acontecerá.”

O primeiro grupo de empregados foi afastado em novembro. No dia 19 de janeiro, outros 100 colaboradores tiveram o contrato de trabalho suspenso. No fim do mês passado, após pedido do sindicato, 105 pessoas reassumiram as funções para ajudar a cobrir a mão de obra na planta.

Em outubro, quando foi anunciado o lay-off, a GM divulgou que, dos 11,5 mil colaboradores da unidade de São Caetano, cerca de 1.070 eram excedentes. Atualmente, a firma tem dois turnos de produção – em épocas de mercado aquecido, eram três turnos.

Para tentar diminuir o efetivo, a empresa já abriu dois PDVs (Programas de Demissão Voluntária) neste ano. O primeiro, em fevereiro, teve 40 adesões. Nem a inclusão de um automóvel Prisma no pacote de benefícios foi suficiente para aumentar a atratividade. No segundo, em março, o fracasso foi ainda maior: apenas nove inscrições.

RETRAÇÃO - Projeções da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) divulgadas nesta semana revelam que o setor deverá ter neste ano queda de 10% na produção em relação a 2014, e que o nível de produção deverá ser o mesmo que o registrado em 2007. O resultado do primeiro trimestre, queda de 16% ante os três primeiros meses do ano passado, é o pior em oito anos. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;