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Mauá abre mostra de cinema e vídeo
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
26/07/2004 | 20:54
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A primeira Mostra de Cinema e Vídeo de Mauá estréia nesta terça pretendendo exibir a cada ano filmes nacionais contemporâneos, que não passaram em circuito comercial no Grande ABC, e com cineastas da região. Até quinta-feira, com entrada franca no Teatro Municipal de Mauá, três filmes com essas características integram a mostra: com direção de Eliane Caffé, criada em Santo André, e roteiro de Luís Alberto de Abreu, de Ribeirão Pires, estão programados Kenoma (1998), nesta terça, e Narradores de Javé (2003), na quarta. Com produção e montagem de Paulo Sacramento, de Santo André, o outro longa é Amarelo Manga (2003), dirigido por Cláudio Assis, em cartaz na quinta-feira e o único com censura 16 anos.

As projeções são em vídeo, a partir da fita original obtida com a produção dos filmes. Um projetor eletrônico amplia em um ciclorama, um telão em tecido branco de 11m x 6m, tamanho aproximado ao de uma tela de cinema.

Os filmes de Lili Caffé e Abreu complementam-se a partir dos esquecidos, abandonados pelo progresso. Em Kenoma, longa de estréia da dupla, a utopia do moto-perpétuo, máquina auto-suficiente em energia, motiva um indivíduo a pôr ordem no caos da seca e da cerca em um lugarejo miserável do sertão.

Lineu (José Dumont), um velho artesão sertanejo, tem o quixotesco sonho de fazer rodar um moinho que produziria fartura. Em contrapartida, o latifundiário Gerônimo (Jonas Bloch) mantém as rédeas do conservadorismo. Matheus Nachtergaele, o pai Helinho da novela da Globo Da Cor do Pecado, faz uma participação.

Em Narradores de Javé, a comunidade de um vilarejo fictício localizado no sertão vê como real a possibilidade de cair no esquecimento com a inundação provocada por uma represa. Para salvar a tradição oral, escolhem como fiel depositário das histórias, lendas e causos o carteiro Biá (Dumont mais uma vez). Seu personagem ouve cada morador para transcrever as memórias em livro, já que a maioria é analfabeta. Gero Camilo e Nelson Xavier também atuam e, outra vez em um filme de Lili Caffé, Nachtergaele faz uma ponta.

Jonas Bloch, que atua em Kenoma, está também em Amarelo Manga, junto com Nachtergaele, que desta vez tem um papel maior. Este é o filme mais delirante da mostra. Bloch é um taxista obcecado por atirar em cadáveres e pela dona de um botequim, Ligia (Leona Cavalli), obcecada pela falta de mobilidade em sua rotina. Nachtergaele é o cozinheiro Dunga, homossexual que trabalha em um hotel e é apaixonado pelo açougueiro Wellington (Chico Diaz), o Canibal, que é casado com Kika (Dira Paes), uma crente fervorosa, e tem uma amante fogosa.

Carne, nos dois sentidos, e delírios pontuam histórias de vinganças e desejos ambientadas no Recife e periferia. Se os dois primeiros filmes vão de uma utopia esquecida à realidade do esquecimento, este último baliza o ser humano por sensações táteis: sexo e estômago.

Mostra de Cinema e Vídeo de Mauá – De terça a quinta-feira, às 20h. No Teatro Municipal de Mauá – r. Gabriel Marques, s/nº, Centro. Tel.: 4555-0086). Entrada franca.




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