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Cultura digital
Luciane Mediato
Do Diário do Grande ABC
08/05/2011 | 07:03
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Você pode sentar na frente de um computador hoje e usá-lo sem uma conexão à internet? Sim, mas o que você faria? A rede abre tantas experiências. Está disponível e é disseminada. E realmente ajuda com o fluxo de informações.

Estamos vivendo em uma era digital - a era da informação. O termo cultura digital se faz presente no cotidiano.

O Brasil foi um dos primeiros países a desenvolver o Fórum da Cultura Digital, o Fórum de Mídia Livre e outros projetos oficias que demonstraram inovadoras redes culturais informatizadas. O apoio e desenvolvimento de softwares livres e sua adoção por instituições públicas trazem destaque à iniciativa brasileira.

"Penso na cultura digital como uma parte de nós mesmos. Para mim, isso significa um passo na evolução mental e na responsabilidade social", explica o professor e pesquisador de comunicação e mídia da Unesp Marcos Tuca Américo. "Ela promove uma solidariedade que falta no mundo real."

Não existe um significado absoluto para cultura digital. Mas, a princípio, é possível trabalhar com alguns conceitos. O primeiro está relacionado à questão do cyberespaço e tudo aquilo que é produzido na internet. Já a segunda ideia gira em torno das manifestações artísticas que acontecem na web, como filmes e documentários produzidos para a rede.

"Eu não costumo fazer definições. A cultura digital diz respeito às novas práticas e formas de comunicação que são possíveis pela tecnologia. Antes eram consideradas arte somente obras físicas, como músicas e partituras, pinturas e quadros, literatura e livros. O que mudou foi só a plataforma que o artista usa", diz Tuca.

Arte digital é aquela que produz obras por meio da manipulação de bits. O artista dessa modalidade compõe com eles imagens, textos, sons ou conjuntos multimídia. Estes podem ser decompostos, recompostos, indexados, ordenados,desordenados, comentados ou associados com quaisquer outros. "Vejo isso como alternativa para pesquisas e práticas. A cultura participativa está emergindo e é muito importante pensarmos em como usar isso para construir infraestrutura e facilitar o crescimento do conhecimento", avalia Tuca.

A estrutura das obras virtuais pode ser traduzida a meios diferentes. Assim, a digitalização inclui no seu conceito qualquer forma de arte cujas unidades sejam manipuláveis eletronicamente, casos do cinema, rádio, televisão, imagem digital, música, web art e web design. "Com a cultura digital é possível levar e transmitir arte de qualquer lugar do mundo. As pessoas das periferias brasileiras podem mostrar para os moradores da Inglaterra o trabalho CF51underground/CF do DJ da comunidade."

Dentro desse universo de conhecimento e trabalhos digitais, existem também os softwares livres. Segundo Tuca, "programas como o Linux fazem parte da construção coletiva." Tais programas gratuitos facilitam a construção de mentes críticas e contribuem para debates. "Essa liberdade é valiosa não só do ponto de vista técnico, mas também sob a ótica moral e ética."

A questão mais urgente da cultura digital do Brasil é uma reforma na legislação de direitos autorais. Essa mudança serve como auxílio para os criadores e artistas que conseguiram expressar sua criatividade e distribuí-la em um ambiente menos restritivo legalmente, além de assegurar na sociedade equilíbrio de direitos de acesso.

Todas essas questões serão tratadas na 1ª Semana de Cultura Digital de São Bernardo. As discussões e palestras serão realizadas a partir do dia 17 e seguem até o dia 21. Mais informações estão no site da Prefeitura (www.saobernardo.sp.gov.br).




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