Quem abriu a série de vaias foi justamente o deputado federal mais votado do país, Enéas Carneiro. Dono de mais de 1,5 milhão de votos, o presidente e fundador do Prona garantiu a eleição de mais seis colegas de legenda – todos com votações inexpressivas – só na chama de lei de proporcionalidade. Enéas recebeu seu diploma calado e permaneceu cabisbaixo durante quase toda a cerimônia. Os beneficiados por Enéas tiveram o mesmo procedimento.

Também foi bastante vaiada a vereadora Havanir Nimitz, a deputada estadual mais bem votada de São Paulo (682.219 votos). Ao contrário dos colegas, Havanir estava bastante sorridente na cerimônia e fez pose para os fotógrafos segurando o diploma de deputada.

O Prona vem sendo bombardeado com denúncias de irregularidades e fraudes nas últimas eleições. A Justiça Eleitoral de São Paulo já cassou os títulos eleitorais de três deputados federais que conseguiram vagas na Câmara graças ao recorde de Enéas - Irapuan Teixeira, Vanderlei Assis de Souza e Ildeu Alves de Araújo. Todos eles são acusados de fraude no domicílio eleitoral para sustentar a candidatura em São Paulo. Havanir, por sua vez, se vê cercada por acusações de 'vender' a legenda para pessoas que queriam tentar candidatura a algum cargo público no pleito de outubro passado.

Mais 'homenagens' - Mas não foram só os pronistas que receberam os diplomas de deputado ao som de vaias. Figuras como Afanásio Jazadji (PFL), Roberval Conte Lopes Lima (PPB) e Coronel Ubiratan Guimarães (PPB) também foram alvo de manifestações de desagrado da platéia.

O público só poupou os eleitos para o Senado – Aloizio Mercadante (PT) e Romeu Tuma (PFL) – e para o Executivo estadual, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o vice Cláudio Lembo (PFL). Alckmin e os deputados federais eleitos Walter Feldman (PSDB) e Jamil Murad (PCdoB) foram bastante aplaudidos.

Muito trabalho - As ausências de dois deputados federais reeleitos foram sentidas na cerimônia festiva desta quinta-feira. Enquanto os diplomas eram distribuídos na Assembléia paulista, Michel Temer (PMDB) e José Dirceu (PT) se reuniam em Brasília, para acertar os últimos detalhes do ministério do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.