De lá para cá, Alessandra acabou deixando de lado a vontade de arregaçar as mangas, se enfiar no trabalho braçal e suar a camisa para cavar covas em um cemitério. Engravidou, criou os filhos e foi levando a vida como dona de casa e bicos como doméstica. “Até que uma amiga me disse que ia ter concurso para coveiro. Corri para me inscrever.” A nova funcionária pública disse que só agora encontrou o caminho para o emprego, e que os risos entre os familiares começaram no dia em que foi preencher a ficha do concurso. “Até o médico que me examinou brincou comigo.”
Alessandra estudou até a 5ª série e se deu conta que a falta de instrução é empecilho para conseguir um emprego diferente, mas afirma: “Finalmente, depois de 22 anos, estou no lugar onde sempre quis trabalhar. Segundo ela, outros fatores que contribuíram para a escolha foram a ausência de colegas de trabalho do sexo feminino e o “sossego” dos cemitérios. “Não sirvo para trabalhar no meio de fofocas e ciumeira.” Entre os homens do Cemitério das Lágrimas, Alessandra diz se sentir “confortável e apoiada”. “Eles ajudam.”
Covas – Nesta quinta, no primeiro dia na função, a coveira não fez exumação ou abriu covas, mas não escondeu a expectativa para começar a trabalhar de verdade. “Gosto da função. Não sinto medo, pelo contrário, aqui fico à vontade.”
Alessandra foi a primeira colocada no concurso. Por isso, na véspera de começar a trabalhar como coveira, ela participou de um encontro com o prefeito Luiz Tortorello e com o chefe de gabinete Alfredo Frignani.
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