O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, chamou nesta sexta-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de "magnata" do petróleo e propôs que Brasil e Venezuela se unam para vender petróleo até 70% mais barato aos países mais pobres.
"Lula, agora que é um magnata petroleiro, que o Brasil tem tanto petróleo, te proponho que nos juntemos nestes mecanismos de cooperação com os países que não têm petróleo, com os países que não têm possibilidade de pagar US$ 100 o barril", disse, em discurso durante a 17ª Cúpula Ibero-Americana, que está sendo realizada em Santiago, capital do Chile.
O petróleo tem enfrentado altas nos últimos tempos, chegando a ser comercializado por US$ 100 o barril. "Não podemos vender petróleo aos países mais pobres a US$ 100. E não só aos mais pobres", acrescentou.
Chávez sugeriu ainda que, a exemplo da Petroandina - aliança entre as estatais energéticas da Bolivia, Colômbia, Equador, Perú e Venezuela - Brasil e Venezuela criem uma PetroAmazônia.
Nesta quinta-feira, a Petrobras anunciou a descoberta de novas reservas de petróleo e gás na Bacia de Santos. As jazidas são equivalentes às da Venezuela e da Nigéria e colocam o Brasil entre os 10 maiores produtores de petróleo do mundo.
Chávez citou como exemplo de cooperação seu próprio país, que fornece petróleo à Argentina em troca de tratores, maquinário e "vacas prenhas que produzem muito leite".
No caso do Uruguai, a Venezuela recebe 'softwares' e também vacas que os uruguaios dizem ser melhores que as argentinas. "Para mim são igualitas", brincou o presidente venezuelano. Em outro momento do discurso, comentando o tema central da cúpula deste ano, o presidente venezuelano mencionou as recém descobertas jazidas brasileiras com ironia.
"Um caminho pode estar muito bem coesionado de pedras, de asfalto, ou desse petróleo que o Lula acaba de conseguir lá no Brasil. Agora o Brasil poderá ingressar na Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), Lula, se é certo, oxalá, essa grande quantidade de petróleo que conseguiu a Petrobras", completou. "Poderá estar muito bem coesionado este caminho, mas esse caminho poderá ser o caminho do inferno", completou.
Chávez discursou por cerca de 25 minutos. Cada presidente inscrito teria cinco minutos para falar. Com os atrasos, o presidente Lula, que apresentaria os principais programas sociais brasileiros, acabou não discursando.