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Osmar: de agricultor a professor
Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
27/05/2010 | 07:53
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Além de acompanhar desde o início o Diário, Osmar Soares de Oliveira, 74 anos, foi um dos primeiros a utilizar a gráfica da empresa.

Uma das publicações impressas foi o jornal Clube de Campo, informativo oficial do Clube de Campo do Grande ABC, em 1976. "Levava todo o material datilografado e os funcionários produziam o jornal", explicou.

Desde que o mineiro de Abaeté se mudou para Santo André aos 21 anos, ele se interessou pelo Diário e por jornalismo. "Sempre acompanhei o jornal. Desde pequeno adoro ler, já li em um ano 15 livros. Gosto de escrever, mas nunca me interessei em fazer jornalismo", disse Osmar, que é formado em agricultura no Rio de Janeiro e direito em São Bernardo.

Seu primeiro jornal alternativo foi o Bicirubano, em 1959, que circulou durante 12 anos nas escolas. "Criei para divulgar o trabalho que fazia chamando Biblioteca Circulante Ruy Barbosa, em que passava de casa em casa para fazer trocas de livros. Para isso, ia nas escolas realizar cadastros dos alunos. Por isso, criei um jornal que informasse conteúdos da escola e que fosse também do interesse do diretor", explicou.

Em 1965, editou a Revista do Estudante, cuja finalidade era de cunho educacional. Em 1971 resolveu entrar na faculdade de Direito. "Porque tinha acabado de me divorciar e não concordava com a lei, por isso, queria conhecê-la melhor. Na época Edson Dotto (um dos fundadores do Diário) era da minha classe", diz Osmar.

Nos anos 1980, criou O Cultural. "Comprava os livros nas editoras e escrevia informações que fossem de interesse para quem quisesse adquiriras obras", explicou.

LECIONAR - Osmar resolveu deixar de lado os jornais alternativos e passou a lecionar na Escola de Aprendizes do Evangelho, em Santo André onde atua há 20 anos. "Dou aula de evangelho para adultos a partir dos 18 anos. É um trabalho muito gratificante." Além disso, já deu aulas de Português e Estudos Sociais em cursos técnicos.

Por esse contato com a educação, Osmar pode acompanhar o desenvolvimento da educação na região. "Antigamente as pessoas eram mais empenhadas. Hoje percebo que não há interesse pela formação do aluno. Tanto que as famílias preferiam colocar os filhos em escolas públicas do que privada. Hoje em dia, mesmo quem não tem condição, faz de tudo para colocar no ensino privado."

Mas sua paixão pelas palavras o fez voltar com os jornais. Neste ano ele criou Atitude e Resultado. "O objetivo é divulgar a cultura e falar sobre títulos literários infantis", esclareceu.

De acordo com o professor, o modo de fazer a publicação não mudou. "Desde o início faço todo o boneco (diagramação) em folha sulfite escrevo, calculo quantas linhas vou precisar para depois passar para a pessoa responsável por elaborar o jornal. É um trabalho manual", disse.

Paixão é cultivar frutas em chácara

Há 17 anos Osmar vive sozinho em uma chácara em Suzano, região metropolitana de São Paulo. Em terreno com mais de 5.000 metros quadrados ele cultiva 114 variedades de frutas.

"Vivo na divisa com a Mata Atlântica é um ambiente muito bom para se morar. Antes vendia muito o que cultivava. Agora, apenas a polpa do maracujá", explicou.

O apreço do mineiro pelo plantio fez com que cursasse agricultura no Rio de Janeiro. "Além de gostar disso, o local te propicia contato com animais, como tucanos e sagui", ressaltou.

Mesmo ligado à natureza, Osmar explica que procura se mudar para Santo André novamente. "Gosto de conciliar a paixão pelas publicações e pelo meio ambiente, mas a idade vai chegando e não dá para fazer sempre esse trajeto. Lá eu fico muito isolado", disse.

Há 27 anos ele não possui veículo. "Carro dava muito trabalho, por isso, resolvi vender o meu em 1983 e, a partir de então, só uso o transporte público. Melhor agora que não pago tarifa por ser idoso", contou.




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