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Juro alto não é a única solução

O aumento da taxa Selic é a ferramenta mais conhecida e utilizada pelo governo para conter a inflação

Do Diário do Grande ABC
24/03/2015 | 07:54
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O aumento da taxa Selic é a ferramenta mais conhecida e utilizada pelo governo para conter a inflação. A estratégia apresenta muitas vantagens, mas ela não é a melhor forma de combater o aumento dos preços nem deveria ser a única medida adotada pelo Banco Central. É preciso lembrar que elevar os juros ajuda a conter o crescimento inflacionário, mas tem efeito colateral: o custo das dívidas também aumenta. Um dos fatores que mais influenciam a inflação é relativo à relação entre quem procura e aqueles que fornecem os produtos e serviços. Se há muita demanda, os fornecedores percebem e aumentam os preços; por outro lado, se há pouca procura, o preço diminui para aumentar o interesse pelo produto.

No tocante aos juros, o relacionamento do Banco Central é com outros bancos. Se os juros aumentam ou diminuem, o banco pode fazer a opção de repassar ou não os índices para os clientes. Com as altas taxas, os bancos incentivam os clientes a manterem o dinheiro na conta, em vez de gastá-lo ou aplicá-lo em outros investimentos. A estratégia adotada pelo governo então é manter os juros altos, para que as pessoas deixem de gastar, retraindo a demanda e contendo a inflação.

Mas muitas vezes o problema da inflação é estrutural; ele está no fornecedor e não no consumidor. Diversos setores no Brasil são comandados por grupo pequeno de empresas que fornecem determinados serviços. Transportes, telecomunicações, bancos, combustíveis e energia são só exemplos de algumas áreas em que os fornecedores têm muito poder de barganha e aumentam com facilidade os preços, contribuindo para as altas taxas inflacionárias. Essas empresas, quando se deparam com concorrente que aumentou os preços, em vez de oferecer preço mais atrativo e assim fazer frente à concorrência, agem de maneira contrária, aumentando também o preço, pois sabem que o consumidor não terá outras opções e se verá forçado a comprar o produto com o preço inflacionado. Trata-se de modelo de sincronia de preços em que, mesmo pressionando o consumidor com altas taxas de juros, não vai fazer com que ele gaste menos.

A solução está em facilitar a regulamentação e atrair investimento de fora para que se tenha mais fornecedores para esses serviços. É possível fazer os preços caírem pela concorrência e eficiência do mercado, sem usar a taxa de juros. Afinal, juros altos não apenas reprimem a inflação; eles também afastam o investimento. Mas se o governo tomasse atitudes para facilitar a concorrência em diferentes mercados, faria com que as tarifas e os produtos se diversificassem, tornando o mercado mais competitivo. Então, conseguiríamos crescimento da economia, com diminuição de preços, sem ter que elevar a taxa de juros.

Daniel Schnaider é consultor de negócios e sócio do Scai Group.
 

Palavra do leitor

Nada muda
Se apenas dois indicados políticos, como Roberto Costa e Renato Duque, foram capazes de ter feito o que fizeram, imagine o que os outros 20 mil indicados companheiros, impregnados nas entranhas da máquina federal, não estariam tramando neste exato momento. Acredito que chegou a hora, a exemplo da campanha das Diretas Já, de o povo conscientizado ir para as ruas constantemente, com pauta consolidada e concentrada no tema da reforma política, exigindo a redução imediata da quantidade absurda de ministérios, cargo por indicação e a consequente profissionalização da máquina administrativa. Ao persistir este sistema anacrônico no Brasil, permanece a continuidade de geração que enriquece com o dinheiro público, explora a miséria, a simplicidade e o analfabetismo político da população. É por isso que nada muda no Brasil.
Francisco Emídio Carneiro
São Bernardo

Resposta
Em resposta à carta da leitora Maria Helena (Desorganização, dia 20), a Diretoria Regional de Ensino de Santo André esclarece que todas as aulas de Língua Portuguesa e Matemática estão atribuídas na Escola Estadual Fioravante Zampol. Atualmente, a unidade possui 105 docentes, além de seis professores substitutos que são convocados para suprir ausências pontuais. As aulas de um professor de Língua Portuguesa que leciona para as salas de 9º ano do período da manhã e precisou se afastar por motivo de doença já foram atribuídas a um docente com a mesma formação. A direção de escola se mantém à disposição.
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

Mulheres desiguais

Enquanto umas estudam, têm empregada, babás aos filhos, outras, sem possibilidade de futuro melhor, abandonam os seus para cuidar dos filhos das outras. Parte delas tem seus filhos em escolas de qualidade, enquanto outras os têm fora da escola. Entre as brasileiras, boa parte tem seus filhos presos, caíram no crime menos por maldade do que por falta de oportunidade, são analfabetos ou não concluíram as primeiras quatro séries de estudo. No Brasil, mais de 35 mil delas passaram o Dia da Mulher atrás das grades, e quase todas por falta de chance no passado. Centenas delas passaram em filas de médicos e sem dinheiro para os remédios. Muitas viúvas de maridos vivos, longe de casa, para ganhar a vida onde surgem empregos. Ainda há a violência doméstica, assédios sexuais e todas as formas de bullying machista. Diferença salarial melhorou, mas não igualou. Faltam hospitais, vê-se mulher dando à luz em porta de hospital, na calçada, por não ter vaga, dentro do carro com ajuda de bombeiros etc. Isso é vergonha nacional! Necessário é investir na Educação de qualidade, profissionalizar, gerar empregos, pois possuem responsabilidades – e maiores – no cuidado com os filhos. Neste mês da mulher, gostaria que nossa presidente repensasse numa qualidade maior de médicos, hospitais, entrega de remédios nas farmácias populares, salários e oportunidades de capacitação feminina, sem discriminação.
Sonia Maria Alves Banhos de Souza
São Bernardo

Secretários
Alguns vereadores têm sido sondados pelo prefeito de Santo André, Carlos Grana, para que deixem suas vereanças no sentido de ocupar Pastas como secretários. Qual seria o critério para a escolha? Passariam por banca examinadora para checar se possuem ou acumulam informações, formações, experiências e competência para tais responsabilidades? Um dos escolhidos já agrediu acadêmicos, em tribuna, pois, segundo ele, o diploma de muitos ele põe na sola dos pés, pois o fato de ele ter só o 4º ano primário lhe faculta o diploma da vida, que, por suas convicções, lhe dá aptidão ao convite e cargo. O que houve com aquela máxima ‘esporte também é cultura’? Com a aproximação das eleições municipais, tais convites não estariam alimentados de casuísmos, para manter o continuísmo do prefeito em seu gabinete junto ao Paço Municipal? Acredito que tais incógnitas não devam agredir aos interessados e, sim, que nos deem respostas, pois não votei – e acredito que muitos – em nenhum secretário e sim em vereador!
Cecél Garcia
Santo André

Editorial
Interessante o Editorial ‘As pegadas de Marinho’ (Opinião, dia 22). Combina bem com as reportagens das páginas 3 e 4. Retira-se da merenda escolar e desvia-se da dívida que se acumula desde 1996 por condenações judiciais porque se investe em propaganda. Qual produto que não vende, busca recuperar sua imagem investindo em rótulo! Subtraindo da Educação e esquecendo as dívidas, sobra para publicidade. O sucesso de quem manda à custa da ignorância de quem paga!
Nevino Antonio Rocco
São Bernardo




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