A fabricante italiana Pirelli Pneus, que tem fábrica em Santo André, será adquirida pelo grupo chinês ChemChina (China National Chemical Corp). O acordo para o negócio, acertado no domingo e avaliado em US$ 7,7 bilhões (R$ 26 bilhões, pelo dólar do dia, cotado a R$ 3,40), fará a marca mudar de mãos. A mudança ocorrerá pela compra de 26,1% de participação pertencente hoje à holding Camfim e, depois, com a oferta obrigatória do restante das ações, por parte da companhia chinesa. A empresa, então, vai fechar capital aberto na Bolsa de Milão.

A aquisição não deve trazer impacto nos empregos da Pirelli, que conta com 2.500 postos de trabalho no Grande ABC. Pelo menos foi o que garantiu Marco Tronchetti Provera, CEO (executivo chefe) da fabricante, durante conversa com funcionários.

Segundo ele, “um parceiro como a ChemChina é uma oportunidade para a companhia tornar-se maior e entrar de maneira mais efetiva no mercado asiático”. Provera acrescentou: “Nossas fábricas e empregos, em geral, só têm a se beneficiar, no futuro, com a entrada de um novo acionista. Os parceiros chineses apreciam nossa habilidade de produzir pneus de altíssima qualidade e nossas fábricas, que são referência mundial. Estas são as fortalezas nas quais continuaremos investindo por nos permitir a manutenção da nossa liderança no segmento Prestige e a permanência entre os maiores produtores do setor Premium (de alta performance)”.

Ele disse ainda que o parceiro chinês não tem intenção, como se pode notar tanto no texto do acordo quanto nas cláusulas do estatuto, de interferir no gerenciamento operacional do grupo. Pelo acordo, tecnologias não podem ser transferidas para terceiros. As mudanças a estas regras devem ser aprovadas com 90% dos votos da reunião de acionistas. “Todas as propostas sobre gerenciamento, estratégias e escolha dos diretores continuam sob responsabilidade do CEO da Pirelli e só podem ser rejeitadas pelo conselho nos casos em que as propostas demonstrem-se estar em desacordo com os interesses da Pirelli.”

TRABALHADORES - O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Borracheiros da Grande São Paulo, Márcio Ferreira, afirmou que vai solicitar encontro com os executivos da Pirelli para obter detalhes da operação e, então, informar os empregados da fabricante, até para orientar a campanha salarial. A categoria tem data-base em 1º de junho.

A companhia, no fim do ano passado, transferiu sua sede administrativa e a área comercial, de Santo André para a Capital, para reduzir custos e, com ela, se foram 320 funcionários. Porém, os cerca de 2.500 empregados da produção e da área de engenharia permanecem na cidade do Grande ABC. (com agências)