A fábrica da Toyota em São Bernardo deverá concentrar a área de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), atualmente distribuída em algumas fábricas, e reunir 600 funcionários. Hoje, são apenas 40 empregados nessa área no município e os 560 restantes estão alocados nas unidades fabris de Indaiatuba e Sorocaba, ambas no interior de São Paulo. A informação foi passada ontem pelo vice-presidente de recursos humanos, Percival Maiante.

O prazo para a mudança não foi divulgado, mas, de acordo com o executivo, isso fará parte da segunda fase de reestruturação da fábrica. A primeira etapa do projeto chamado São Bernardo Reborn (renascer, em inglês) foi oficializada ontem, com a inauguração de mais um prédio na unidade da região, e a revitalização de outras instalações, com aporte de R$ 19 milhões. O evento contou com a presença do governador Geraldo Alckmin.

A montadora recentemente transferiu, da Capital para o Grande ABC, sua área administrativa, incluindo a alta direção da companhia no Brasil e os setores de marketing, vendas, recursos humanos e pós-vendas, entre outros, e o investimento se destinou a abrigar as 170 pessoas dessas áreas que passam a atuar na região.

Ao mesmo tempo, a companhia está iniciando o terceiro turno em seu setor de forjaria. Não houve contratações significativas, por enquanto, mas remanejamento de pessoal. A empresa, que conta, ao todo, com 1.545 empregados (incluindo os 170 recém-chegados), gerou cerca de 80 postos no ano passado, parte deles para atuar na forjaria. E as expectativas são favoráveis. Essa área fabril produz componentes (bielas e virabrequins) para motores de modelos produzidos nos Estados Unidos – dentre os quais Camry, Sienna e Corolla –, mercado que passa por retomada da economia, o que deve impulsionar a demanda, sem contar a valorização cambial, que também favorece as vendas.

Além disso, a Toyota vai expandir a produção de peças da forjaria de São Bernardo para atender a produção da futura fábrica de Porto Feliz (Interior), que será responsável pela fabricação de motores 1.3L e 1,5L do Etios, a partir do primeiro semestre de 2016. Atualmente, são cerca de 3,9 milhões de unidades de bielas e mais 700 mil virabrequis produzidas por ano na região. Com o terceiro turno e o atendimento a Porto Feliz, haverá acréscimos de produção de 10% e 14%, respectivamente, desses itens. Em 2014, a fábrica já havia recebido investimento de R$ 10 milhões, com a montagem de laboratório de testes de motores.

ELÉTRICO - Durante a inauguração, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, assinalou que segue na luta para que a unidade são-bernardense volte a produzir ao menos um modelo de carro, como ocorria até 2001 – a fábrica produzia o utilitário esportivo Bandeirante. O sindicalista participa de conversas com os governos federal e estadual para viabilizar, por meio de tributação diferenciada, a fabricação do Prius elétrico.

“Vamos nos empenhar para ter o Prius em São Bernardo”, garantiu Alckmin, ao afirmar que a agência de fomento Investe São Paulo poderá apoiar o projeto. Marques disse que espera também redução do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) e do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). “Não é desoneração, é nova tributação”, reforçou. O sindicalista acrescentou que já conversou com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Armando Monteiro, que, segundo ele, apoia a ideia. “Falta convencer a Fazenda.”

“Em todos os países onde a indústria do (carro) híbrido floresceu, houve incentivos de imposto sobre o produto e na utilização do carro”, destacou o vice-presidente executivo da Toyota, Luiz Carlos Andrade Júnior.