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Que passos seguiu a música sertaneja no Grande ABC?

Trinta anos depois, lemos na coleção do Diário sobre o 10º Festival de Violas que Mauá promoveu em 1985...

Ademir Medici
24/03/2015 | 07:00
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“Festival Brasil Sertão

De ponta a ponta no Grande ABC

É a nossa música cabocla

A viola, eu e você.”

Trilha sonora de um festival em organização em 1985.

Entre as duplas, Major e Murtinho, formada na Brastemp, que nem mais está em São Bernardo.

Trinta anos depois, lemos na coleção do Diário sobre o 10º Festival de Violas que Mauá promoveu em 1985. Imaginem, décimo festival! E lembramos de uma reportagem que fizemos sobre o tema, na mesma época: ‘Os violeiros do Grande ABC sonham’, com fotos tiradas pelo repórter-fotográfico Dorival de Almeida.

Escrevemos:

- Os violeiros urbanos do Grande ABC tocam e cantam nos bares, nas sedes de sociedades amigos, em festas e quermesses da periferia. E procuram espaço onde é possível. Descobriram que podem vender. Então cantam e fazem propaganda de bazares e outros estabelecimentos comerciais de bairros como a Vila Luzita, em Santo André, e Jardim Farina, em São Bernardo. São mais de 1.000 duplas em toda a região. Quase todas formadas por migrantes do interior paulista, de Minas Gerais, do Paraná.

- Estão atualizados estes violeiros. Falam de uma música sertaneja sem erros de português, diferente da dupla mãe, Tonico e Tinoco.

- Os semiprofissionais até gravam discos, em selos como o ‘Brasil Sertão’, gravadora com sede num prédio do Centro de São Bernardo.

- Estes violeiros, empregados ou desempregados, favelados ou analistas de sistemas de computação, cantam para grandes plateias e para teatros vazios. E se apresentam sempre com o mesmo espírito de garra musical, de cantar com emoção, fazendo rir e fazendo chorar. Felizes com o que fazem. Esperançosos. Com alegria.

A reportagem ocupou uma página inteira. Cobrimos uma apresentação no Teatro Elis Regina, em São Bernardo. Pouca gente na plateia, mas vários duplas fazendo o melhor no palco.

Mostramos os programas sertanejos da antiga Rádio Diário do Grande ABC. Entrevistamos Zezito, animador do programa Manhã Sertaneja. Ouvimos o empresário do ramo, Bob Léo, que destacou a força sertaneja dos artistas de Diadema. Conhecemos a pequena Ananá, do Taboão, chamada de ‘A garota da voz cristalina’. E assim por diante.

TRINTA ANOS DEPOIS

Desde então, vez ou outra, esbarramos nos artistas que vieram a seguir, animando este outro lado artístico do Grande ABC. E é só ligar o rádio de madrugada para acompanhar a programação sertaneja tanto da tradicional Rádio Emissora ABC como das emissoras alternativas.

Os discos de vinil ganharam a concorrência de CDs e DVDs – e só não desapareceram graças ao esforço de colecionadores idealistas. Há encontros sertanejos nos bairros, mesmo sem maiores espaços na mídia. Fala-se que Chitãozinho e Xororó moraram no Jardim Zaíra, em Mauá. Mas, como se organiza esse mundo que é uma verdadeira interligação entre o Grande ABC de hoje com o do passado?

Em 24 de março de...

1915 – Senador Flaquer, em franca convalescença continua a receber grande número de visitantes, cartões e telegramas em sua casa em Santo André, na Estação São Bernardo.

- A guerra. Do noticiário do Estadão: ‘Os zepelins em Paris; navio inglês torpedeado na Mancha’.

1970 – Prefeitura de Diadema cria a Comissão de Turismo.

- Esporte Clube Avenida é fundado na Vila Baeta, em São Bernardo.

- Vereador Jacob Gardil assume superintendência do Serviço Funerário de Santo André.

Diário há 30 anos

Domingo, 24 de março de 1985 – ano 27, nº 5782

Manchete – Tancredo dita mensagem e faz elogios a Sarney

Editorial – O Brasil, de fato, mudou

Meio ambiente (Ingrid Bittar Simões) – A Serra do Mar terá plano de fiscalização mas os órgãos envolvidos mostram desentendimentos. O IBDF (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal) nem foi ouvido. Chuva ácida, o maior dano.

Ribeirão Pires – Hoje, a inauguração do Museu Municipal Família Pires, à Rua Alferes Botacin, 171.

Santos do dia

- Oscar Romero (El Salvador, 1917-1980). Fuzilado, em meio aos doentes de câncer e enfermeiros, enquanto celebrava uma missa na capela do Hospital da Divina Providência, na capital de El Salvador.

- Adelmar

- Diogo José de Cádiz

- Catarina da Suécia

Hoje

- Dia Mundial de Combate à Tuberculose. 




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