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Arcelor: ofensiva da Mittal é mal-recebida em Luxemburgo
Da AFP
31/01/2006 | 17:58
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Maior acionista da Arcelor com 5,6% do capital da empresa, o governo de Luxemburgo recusou oficialmente nesta terça-feira a oferta pública de aquisição (OPA) do líder mundial do aço Mittal Steel sobre a concorrente européia Arcelor. O governo alegou a falta de um "conceito industrial" na ofensiva de seu presidente, Lakshmi Mittal.

Em discurso na Câmara dos Deputados do Grã-Ducado, o premier luxemburguês, Jean-Claude Juncker, afirmou que seu governo "é contra a OPA da Mittal sobre a Arcelor".

"Nós não a queremos porque nós não a compreendemos. Nós não a queremos porque até agora não recebemos explicações plausíveis, conseqüentes e coerentes", repetiu Juncker.

O premiê destacou o caráter hostil da proposta: "Esta OPA e seu método não são compatíveis com a maneira como nós vemos, nós luxemburgueses e nós europeus, a globalização".

Já Lakshmi Mittal considerou a reunião com o chefe do governo luxemburguês "construtiva", e afirmou que "as discussões vão continuar".

"Ele fez muitas perguntas sobre a oferta de compra", indicou . "Eu expliquei ao primeiro-ministro a necessidade de consolidar a indústria do aço", resumiu.

"Nós estamos prontos para conversar amigavelmente para construir a melhor indústria do mundo", destacou o presidente da Mittal Steel, lembrando que estaria disposto a instalar a sede do novo grupo em Luxemburgo, o que no entanto não convenceu Juncker.

"Eu não posso prometer sucesso, mas estou determinado a fazer de tudo nos próximos dias e nas próximas semanas para resistir a esta OPA hostil em conjunto com os parceiros franceses e belgas", prometeu aos deputados.

O premiê também admitiu seu medo, em caso de sucesso da OPA, de ver a Arcelor "escorrer num magma conceitual difuso".

"O governo luxemburguês" - disse ele - "não está interessado nos resultados financeiros em curto prazo e não tem a intenção de vender suas ações no setor siderúrgico" mesmo se conseguisse tirar uma mais-valia de um bilhão de euros.

Juncker deve se encontrar com o primeiro-ministro francês, Dominique de Villepin nesta quarta-feira, em Paris. À tarde, deve se reunir com o presidente Jacques Chirac. Em seguida, vai encontrar seu colega belga Guy Verhofstadt em Bruxelas.

O governo espanhol indicou que trabalharia em "coordenação" com seus colegas franceses e luxemburgueses.

Após sua visita a Luxemburgo, o presidente da Mittal Steel embarcou rumo à capital francesa, para defender seu projeto com os presidentes das comissões competentes da Assembléia nacional e do Senado.

Em Bruxelas, a FEM (Federação Européia dos Metalúrgicos) denunciou nesta terça-feira os riscos para o emprego da compra da Arcelor pela Mittal Steel, convocando os produtores europeus a "unirem suas forças diante da concorrência mundial".

O número um mundial do aço, a Mittal Steel é uma sociedade de direito holandesa, dirigida pela família Mittal a partir de Londres. A Arcelor, nascida da fusão de grupos francês Usinor, luxemburguês Arbed e espanhol Aceralia, em 2002, tem sede em Luxemburgo.



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