Esse volume, contudo, já foi maior. Levantamento feito pela Sabesp mostra que o consumo de água dos clientes fidelizados atendidos pelo Cantareira, como os condomínios comerciais da Avenida Paulista, caiu 25% em janeiro deste ano na comparação com fevereiro de 2014, primeiro mês da crise declarada no sistema, quando o gasto foi de 1,1 bilhão de litros.
Nesse período, a Sabesp reduziu em 45% a produção de água do Cantareira para a Grande São Paulo, por meio da economia feita pela população, da transferência entre sistemas, que diminuiu a cobertura do manancial de 8,8 milhões de pessoas (47%) para 6,5 milhões (34%), e, principalmente, com a redução da pressão e fechamento da rede durante a maior parte do dia, um racionamento que não é "sistêmico", segundo a companhia. Antes da crise, 73% da receita da Sabesp era obtida com o Cantareira.
De acordo com a empresa, os grandes consumidores também se empenharam na campanha de uso racional da água e reduziram o consumo mensal em 24% na região metropolitana, entre fevereiro de 2014 e janeiro deste ano, atingindo todos os sistemas. No Guarapiranga, por exemplo, que fornece 31,6% da água dos clientes fidelizados da Sabesp, a redução foi de 22,3%. No Alto Tietê, que cobre 9% do grupo e também opera com nível crítico (19,1% ontem), a queda foi de 30,7%.
Chamados de "demanda firme", os contratos de fidelidade são destinados a comércios e indústrias que consomem pelo menos 500 mil litros por mês. A vantagem para o cliente é que o custo do litro de água vai caindo à medida que o consumo cresce, lógica inversa da tarifa convencional. Por exemplo: na faixa de consumo de 500 mil a 1 milhão de litros, cada mil litros (metro cúbico) custa R$ 11,67. Já acima de 40 milhões de litros, o preço cai para R$ 7,72.
Para a Sabesp, o modelo de negócio, lançado em 2005 para tornar o preço da água mais competitivo no mercado e turbinado a partir de 2010, fideliza o cliente e garante melhor controle sobre o esgoto produzido pelas empresas. "O grande viés da demanda firme é o esgoto, que é 100% coletado pela nossa rede. O impacto ambiental disso é imenso", afirma a gerente de relacionamento com clientes da Sabesp, Samanta Souza.
Campanha
Por contrato, cada cliente tem uma cota mínima obrigatória de consumo de água para conseguir a tarifa vantajosa, política que para alguns especialistas estimula o gasto abusivo. Samanta explica, porém, que, desde fevereiro de 2014, essa regra foi suspensa por causa da crise e os clientes de demanda firme foram liberados a usar fontes alternativas de água, como poço e caminhão-pipa. Segundo ela, 70% migraram para novas captações, mesmo sem direito ao desconto do programa de bônus, apenas à sobretaxa de até 50% na conta em caso de aumento do consumo.
A maior redução proporcional de consumo das grandes empresas ocorreu no Sistema Rio Grande (-43,6%), resultado alavancado pelas montadoras de automóveis da região do ABC. "Esse setor não precisa de água potável na sua cadeia de produção como o farmacêutico, por exemplo, onde a água de qualidade é uma exigência. Então, foi mais fácil para as fábricas migrarem para fontes alternativas", diz Samanta.
Só o setor automotivo reduziu o consumo mensal de água em 64% em um ano. O segmento alimentação, como supermercados, 26%, hospitais, 19%, farmacêutico e varejista, 17,6% cada, aparecem na sequência. Os condomínios comerciais, como os da Paulista e da Avenida Berrini, foram os que menos economizaram: 14,8%.
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