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Ed Motta sofisticado retoma as canções
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
02/06/2003 | 18:52
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Ed Motta surpreende mais uma vez. Depois do ousado Dwitza, disco praticamente todo instrumental, o carioca volta às canções em Poptical (preço sugerido: R$ 25,90), seu primeiro álbum na gravadora Trama.

“Detesto que esperem algo de mim e que eu faça isso. O esperado nunca pode se concretizar, como acontece com certos finais de filme. Adoro surpreender”, diz Ed Motta. Para ele é até compreensível que as pessoas aguardassem um trabalho mais radical – e instrumental – dada a tradicional liberdade artística que a Trama oferece a quem compõe seu cast.

Tem Espaço na Van (Ed/Seu Jorge), uma das surpresas, é a música que toca nas rádios e também a que tem mais apelo pop entre as 12 faixas. Remete aos tempos da Conexão Japeri e seu hit Manuel. Mas dá uma surra no sucesso antigo graças aos arranjos, bem mais elaborados. “Essa música tem mais a ver com o momento e se relaciona bem com as outras porque tem uma moldura musical semelhante”, diz.

O grande sabor de Poptical, porém, está na sonoridade vintage, que Ed obteve graças à parafernália de sintetizadores da década de 70 que levou para o estúdio. “Quis transportar para os sintetizadores analógicos as melodias e contracantos que usaria com cordas e metais”, afirma. A eles, foram somados, basicamente, baixo, bateria e guitarra.

No todo, é um disco sofisticado. Comporta uma generosa dose de jazz, que fica mais evidente sobretudo na segunda metade do álbum, a partir de Rainbow’s End. Nessa, a influência do jazz se dá principalmente na forma de cantar.

Mais pitadas desse gênero podem ser degustadas em My Rules (Ed/Fábio Luiz), Fox do Detetive (Ed/Chico Amaral) e em Gifts and Sorrows, que reserva um sabor ainda mais acentuado. Esta tem música de Ed e letra de Blake Amos, de New Orleans. Quem Pode Surpreender? (Ed/Zélia Duncan) é jazz com influências de música cubana, que dá direito a solo de piano de Rafael Vernet.

Para quem gosta do lado mais black music e dançante de Ed Motta, as faixas indicadas são Eu Avisei (Ed/Adriana Calcanhotto), Que Bom Voltar (Ed/Daniel Carlomagno) e Coincidência (Ed/ Ivan Carvalho). Vale destacar, ainda, The Rose That Came to Bloom, com letra de Bluey, músico a quem o disco é dedicado. Essa conta com Ed ao piano e voz.

No encarte, Ed reforça sua afinidade com o que é antigo. Para a montagem em que aparece ao lado de manequins foram usados apenas espelhos. Nada de computadores.




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