Entretanto, mesmo ignorando os estereótipos, a artista assume se considerar, sem pedantismo ou falsa modéstia, a primeira dama da música brasileira: "Nunca disse isso, mas acho que sou sim. Cantar nao é lavar calcinha no tanque. Cantar é isso que está no meu novo disco. Pegar qualquer gênero e transformar numa beleza."
A veracidade dessa confissao pode ser conferida hoje no bar Passatempo, em Sao Paulo. Leny dará ênfase no repertório de seu álbum recém-lançado, Leny Andrade Canta Altay Veloso (Paradoxx, R$ 19 em média). Todas as músicas sao do compositor fluminense que tem algumas de suas criaçoes popularizadas por grupos de pagode, como Absoluta ou O Porteiro. "Nós somos preconceituosos. Eu mesma fui durante 30 anos de carreira. Só via jazz e bossa nova na minha frente", diz a cantora.
De acordo com Leny, sua aproximaçao com a obra de Altay Veloso nao é uma tentativa em se adaptar ao mercado das FMs e dos programas de auditório. Assim como em seus trabalhos anteriores, o critério primordial foi a qualidade: "A maioria dessas cançoes tem uma genialidade, uma forma tao direta de abordar um assunto, que me fascinou".
Leny chega até a se identificar com a temática de algumas delas. "Eu passei pelo que diz a letra da inédita Todo Cuidado É Pouco. Já tive de desviar do olhar de amigos porque eram casados", revela. Essa familiaridade, segundo a cantora, nao é um privilégio seu. "Muitas das coisas tratadas nessas músicas acontecem com todo mundo, até com ministro, com o presidente."
Morando atualmente em Botafogo, no Rio, a artista acredita que seu repertório recente pode ser cantado sem problemas nos Estados Unidos, país onde se apresenta constantemente. "Já cantei Dona Ivone Lara, Jorge Aragao e o pessoal adorou", conta.
A bossa nova e o jazz, entretanto, nunca ficarao relegados a um segundo plano na carreira de Leny. Em outubro, a cantora parte para a Argentina a fim de participar do 1º Festival de Jazz dos Siete Lagos del Sur de Bariloche, ao lado de nomes como Chucho Valdés, Diana Schuur e Luiz Salinas. "Também vou dar uma oficina de improvisaçao", adianta Leny.
Aos 57 anos, 42 deles dedicados à música, Leny Andrade também adora freqüentar shows de outros artistas. Dos que viu, o que mais lhe surpreendeu foi a apresentaçao da paulistana Mônica Salmaso: "Essa menina sabe tudo. Ela tem um timbre único."
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