Um ano depois de estrear a peça A Última Gravação de Krapp, de Samuel Beckett (1906-1989), no Teatro Conchita de Moraes, em Santo André, Antônio Petrin volta hoje à cidade. Dessa vez, ele apresenta o espetáculo pelo qual o diretor Francisco Medeiros recebeu indicação para o Prêmio Shell no Teatro Municipal, com entrada franca. Os ingressos podem ser retirados no local, após às 17h.

Krapp é o personagem que, na data em que completa 69 anos, pára para ouvir as memórias que registra em um gravador de rolo a cada aniversário. Aproveita para fazer um balanço da vida e se depara com esperanças e desilusões. “As confissões que ele grava funcionam como uma alavanca para sair de uma atitude e procurar uma vida mais clara”, diz o ator.

Por meio de jogos cênicos (claro-escuro, silêncio-ruído), a montagem procura expressar a vastidão dos sentimentos que percorrem o ser humano. “A peça é poderosa. Não há indiferença. Ou ela deixa marcas ou é abominada”, afirma Petrin. “O segredo de Beckett é a simplicidade com que trata elementos aparentemente tão complexos, o que só poetas conseguem”, conta Medeiros.

Mesmo que apresente uma reflexão profunda sobre a existência humana, o espetáculo não é desprovido de humor. “O prólogo é baseado no clownesco. Há uma graça ingênua”, diz o ator. A peça tem 55 minutos de duração.

A montagem integra a agenda de comemoração do 30º aniversário do Municipal. Para Petrin, a apresentação tem um sabor especial, pois o ator participou ativamente do processo de construção do teatro. Além disso, Petrin atuou sob a a direção de Celso Nunes em A Guerra do Cansa-Cavalo, de Osman Lins, a peça que inaugurou o Municipal.