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CUT fará campanha por mínimo de US$ 160
Do Diário do Grande ABC
20/02/2000 | 18:38
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Atrasada em relaçao ao PFL de Antônio Carlos Magalhaes, a Central Unica dos Trabalhadores (CUT) resolveu entrar na briga pelo reajuste do salário mínimo, previsto para maio. Segundo o presidente da central, Vicente Paulo da Siva, a direçao-executiva da entidade decidiu quinta-feira fazer campanha para que o mínimo seja equivalente a US$ 160 (ou R$ 283,20), correspondente à média aproximada dos salários mínimos pagos nos países do Mercosul - Argentina, Uruguai e Paraguai. O PFL está reivindicando mínimo de US$ 100 (R$ 177,00). No caso da CUT, o reajuste teria de ser de 108%. No caso do PFL, de 30%.

O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, José Maurício Soares, contudo, recusa-se a fazer contas em dólares, por causa das flutuaçoes do câmbio. Em reais, diz ele, as perdas já sao imensas.

Ele pegou o salário mínimo de janeiro, de R$ 136, e foi deflacionando o valor para conhecer o valor real do rendimento em meses e anos passados. Dessa forma, descobriu que, em valores atuais, o brasileiro ganhou em média salário mínimo de R$ 231,86 em 1989 - mais do que o valor reivindicado pelo PFL, que tanto impacto vem causando, e quase o que está sendo proposto pela CUT.

Parece muito, mas o mínimo já foi bem melhor. Chegou a R$ 820,71 em janeiro de 1959 - o recorde em poder de compra da história. Quando foi criado, por decreto de maio de 1940, o primeiro valor pago, em julho do mesmo ano, era o equivalente hoje a R$ 569,61. De 1952 a 1965, o mínimo sempre manteve valor real médio acima de R$ 500.

Para quem acha que o mínimo sempre valeu pouco e que esses cálculos nao passam de truques de economistas, José Maurício Soares usa outro comparativo. Em janeiro de 1959, o salário mínimo comprava 1.180 passagens de ônibus municipal em Sao Paulo. Em março de 1986 (no Plano Cruzado), já comprava bem menos: 536 passagens de ônibus. Já o salário mínimo de janeiro deste ano comprava 118 apenas - dez vezes menos. "Se pegarmos qualquer produto, até palito de fósforo, teremos uma relaçao semelhante."

Nos anos 90, ainda segundo o Dieese, o mínimo oscilou pouco. Perdeu 9% de seu poder de compra entre 1990 e 1999. No período, fez alguns movimentos de recuperaçao, logo seguidos por fases de corrosao. Equivalia (em médias anuais, contando o décimo terceiro) a R$ 165,69 em 1990. No ano passado, a média foi de R$ 151,82.




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