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Italiano procurado pela Interpol é preso em São Paulo
Do Diário OnLine
29/07/2002 | 23:56
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O comerciante italiano Vicenzo Consoli, 57 anos, procurado pela Polícia Federal e pela Interpol, foi preso na madrugada desta segunda-feira na rodovia Anhangüera, em São Paulo, por policiais do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic). Condenado na Itália a 30 anos de prisão por homicídio, seqüestro e contrabando de armas, Consoli usava o nome falso de Alessandro Ghezzi e morou por 20 anos em Jundiaí (interior do Estado) sem levantar suspeitas.

No momento em que foi preso, Consoli estaria se despedindo da família para fugir do país. Ele relatou ao delegado Manoel Camassa, do Deic, que iria discutir com sua esposa e sua filha se iria mesmo fugir do país ou se entregar às autoridades. Com ele, a polícia apreendeu três identidades (nos nomes de Antonio Vita, Antonio Gravina e Alessandro Ghezzi), um CPF e uma carteira de motorista – todos falsificados. O italiano foi autuado em flagrante no Deic por uso de documento falso. Consoli ficará no Deic à disposição da Justiça, aguardando extradição para a Itália.

Disfarces - Quando foi detido pela polícia, Consoli usava uma peruca e óculos, disfarçado de Antonio Vita (cujo RG, falso, foi apresentado na hora da abordagem). Ao ser identificado como o criminoso procurado em mais de 180 países, ele afirmou que "nem se lembrava mais" do nome Vicenzo Consoli.

O italiano dizia que estava morando no Brasil pois todos os seus parentes foram mortos na Segunda Guerra Mundial, o que é mentira. Grande parte da sua família ainda mora em Messina, cidade italiana da qual fugiu em 1978.

O criminoso internacional nasceu em Piazza Armerina, na Sicília. Acusado de ligações com a Máfia siciliana, Consoli foi preso por porte ilegal de armas em Messina, em 1978, e condenado a dois anos de prisão. Ele acabou internado na clínica psiquiátrica Castiglioni Stivieri, de onde fugiu. Depois que fugiu do hospital, Consoli se envolveu em um assassinato e um seqüestro, o que lhe rendeu mais 27 anos e 9 meses de cadeia.

Vicenzo Consoli passou pela Suíça, onde arranjou um passaporte falso, e acabou no Brasil, onde vivia seu tio Vicenzo Francisco Consoli. Na pele de Alessandro Ghezzi, casou, teve dois filhos e fez fama e fortuna na região de Jundiaí (interior de São Paulo). Influente, era amigo de autoridades e freqüentava festas da alta roda da região, aparecendo inclusive em colunas sociais.

Morando no Brasil desde 1980, Consoli se firmou como um empresário de sucesso e figura respeitada em Jundiaí. Seus negócios incluíam imóveis, bar, boate, uma empresa de promoção de festas e casas de câmbio. Ele inclusive é o proprietário do prédio que abriga a delegacia de Várzea Paulista, e alugou-o à polícia sem levantar qualquer suspeita. Sua filha Renata, 22 anos, é funcionária da Polícia Civil, lotada em Várzea Paulista como operadora de telecomunicações.

Na Sicília é assim - Um ex-funcionário de Consoli que cobrava uma dívida de US$ 700 foi ameaçado por ele. Para intimidar o interlocutor, o italiano afirma ter matado quatro pessoas na Itália e dizia contar com a proteção do "delegado Dhjair" (identificado como Dhjair Tursi, que seria seu sócio em uma casa de câmbio). A pessoa gravou as ameaças de morte em uma fita e encaminhou uma cópia à polícia.

Irritado pela cobrança, Vicenzo Consoli, tratado na gravação como Alessandro, faz ameaças não apenas ao interlocutor. "Se não pego você, eu pego seu pai. Sou siciliano. Na Sicília é assim. Se não consegue o alvo, a família", afirma o italiano na gravação. "Eu sou macho para te matar. Eu já matei quatro sem proteção de ninguém", avisa.

A fita mostra ainda Consoli ironizando a possibilidade de o interlocutor gravar a conversa, recomendando que ele evite procurar o delegado que o protege. "Pode procurar a polícia. Só não procura o Dhjair, porque ele me protege. Pode ir a São Paulo, pode ir à Corregedoria", afirma.

Dhjair Tursi negou envolvimento com Consoli. Ele foi convocado pela Corregedoria da polícia a prestar explicações.




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