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Para quem já está em 2000, Bug nao assusta
Do Diário do Grande ABC
31/12/1999 | 20:30
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Nos primeiros países desenvolvidos a assinalar a virada no calendário, rumo ao ano 2000, o temor de uma falha generalizada nos computadores nao se concretizou. Nenhum problema grave provocado pelo chamado Bug do Milênio foi registrado na Nova Zelândia, Austrália, Japao e Rússia, países que estavam na mira das atençoes do restante do mundo, em razao do fuso horário e de sua importância econômica.

De acordo com alguns especialistas, porém, só na segunda-feira é que se poderá ter certeza de que o problema foi vencido. "É importante nao esquecer que o mundo dos negócios começa a processar plenamente suas informaçoes no dia 3", disse John Koskinen, especialista contratado pelo governo dos Estados Unidos para acompanhar a transiçao para o novo ano.

Em Wellington, capital da Nova Zelândia, o responsável pela comissao criada para prevenir possíveis falhas nos computadores, Basil Logan, disse que tudo funcionou normalmente. "Nao recebemos nenhuma informaçao de que tenha ocorrido algum problema nos serviços básicos", disse ele.

O colapso de algumas linhas de telefonia móvel foi o único problema registrado no país. Mas isso nao foi atribuído ao Bug. A causa teria sido a avalanche de ligaçoes feitas para desejar felicidades no novo ano.

Em Camberra, capital da Austrália, onde o ano 2000 chegou 13 horas antes que no Brasil, também nao se registrou nenhum problema grave, segundo informaçoes do governo. Os sistemas do setor bancário funcionaram normalmente.

No Japao, alguns serviços de transporte foram suspensos nos primeiros minutos do novo dia, mas o sistema nao apresentou falhas ao ser religado. Embora algumas autoridades tenham recomendado à populaçao estocar água, sua distribuiçao também nao foi afetada. Mais de 2 milhoes de pessoas em todo o país permaneceram em estado de alerta em setores públicos e privados para entrar em açao em caso de emergência.

Uma das maiores preocupaçoes de especialistas internacionais era a ocorrência de falhas nos computadores das usinas nucleares russas, consideradas obsoletas e mal conservadas. Mas o primeiro reator nuclear russo a enfrentar o Bug, localizado na Província de Chukotka, no leste do país, passou bem pelo teste.

A China, que possui a maior força militar do mundo e um pequeno arsenal de mísseis balísticos intercontinentais, também entrou tranqüilamente no novo ano, segundo informaçoes oficiais. O país era apontado por especialistas ocidentais como uma das zonas mais críticas do mundo, porque boa parte de seus computadores é antiga.

Ao comentar as primeiras notícias sobre o bom funcionamento dos sistemas de informática, o ex-premiê italiano Romano Prodi, que preside a Comissao Européia, disse, rindo: "Parece que o verdadeiro Bug era o temor de todos". Segundo Prodi, o Bug acabou "materializando nas pessoas a angústia e o temor de perder o que se possui e que na história nunca tivemos antes".

As notícias sobre o assunto em todos os países do mundo foram acompanhados com atençao em Brasília, pela Comissao Coordenadora de Açoes contra o Bug. No final da tarde o secretário-adjunto da Comissao, Marcos Ozório de Almeida, disse que havia expectativa por parte do governo brasileiro de ocorrência de problemas em Gâmbia, com serviços governamentais, e na Nicarágua, com serviços de abastecimento de água.

Ele informou que foram registrados cancelamentos de vôos no Sri-Lanka, mas verificou-se que a causa nao foi o Bug, e sim falta de passageiros. Almeida explicou que o Brasil está acompanhando possíveis problemas em Angola, porque a usina hidrelétrica de Capanda foi construída com participaçao de empresas brasileiras e possui equipamentos semelhantes aos usados no Brasil.

Ele informou que o Banco Interamericano de Desenvolvimento ( BID) possui empréstimos de US$ 200 milhoes para financiar países que precisem corrigir problemas provocados pelo Bug.

Nos demais países, porém, a passagem de ano foi tranqüila. As primeiras indicaçoes de que o temido Bug do ano 2000 nao traria grandes transtornos ao Brasil surgiram às 9h, quando a Nova Zelândia entrou no ano 2000 sem problemas. O Ano Novo japonês, que também transcorreu sem problemas, deixou os técnicos do governo brasileiro ainda mais tranqüilos. Segundo Brito, o Plano de Contingência montado no país é semelhante ao do Japao.

Todas as embaixadas e consulados brasileiros foram orientados a informar o Ministério da Defesa sobre qualquer problema ocorrido nos diversos países, principalmente aqueles que entraram no ano 2000 horas antes do Brasil. A orientaçao foi no sentido de que o governo brasileiro fosse informado, também, sobre as soluçoes emergenciais adotadas pelos governos que tiverem problema. O Itamaraty possui 151 postos no exterior, entre embaixadas, consulados e delegaçoes junto a organismos internacionais.




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