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Edital da venda da CRT deve sair até quarta-feira
Do Diário do Grande ABC
23/01/2000 | 18:32
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Esta semana é decisiva para a venda da Companhia Riograndense de Telecomunicaçoes (CRT), o maior negócio do setor de telecomunicaçoes no país desde a privatizaçao do Sistema Telebrás, em julho de 1998. O edital de venda da empresa será lançado entre esta segunda e quarta-feira pela Telefônica e o leilao deverá ocorrer no início da próxima semana. A expectativa do mercado é que o preço mínimo da CRT chegue a mais de R$ 2 bilhoes.

Pelas regras do setor de telecomunicaçoes, a Telefônica só poderá manter o controle da CRT até o dia 4 de fevereiro, ou seja, 18 meses depois da assinatura do contrato de concessao da Telesp Participaçoes.

A operadora espanhola, que já controla a companhia telefônica de Sao Paulo, também é majoritária na Tele Brasil Sul (que tem 85 16% das açoes da CRT), o que é vedado pelo Plano Geral de Outorgas.

Se o negócio nao for fechado até o dia 4, a Agência Nacional de Telecomunicaçoes (Anatel) já avisou à empresa espanhola que determinará uma intervençao na empresa de telefonia do Rio Grande do Sul, para garantir o cumprimento da lei e a devoluçao da concessao. No entender do mercado, a Telefônica está correndo contra o tempo para garantir a venda da operadora gaúcha nos próximos dias, sob o risco de nao ganhar nada com o negócio.

Com a concessao retomada pela Anatel, a agência deverá colocá-la em leilao. Enquanto isso, uma discreta negociaçao vem sendo feita, envolvendo as três empresas que têm a possibilidade de comprar a participaçao da Telefônica na CRT: a Tele Centro Sul, a Sercomtel, de Londrina, e a CTBC Telecom, do grupo Algar, com sede em Uberlândia. O modelo do setor permite que apenas as empresa que já operam nas regioes Sul, Centro-Oeste e nos Estados do Acre, Rondônia e Tocantins possam adquirir a CRT.

Há algumas semanas, o data room da empresa foi aberto em Porto Alegre e já foi visitado por técnicos das três operadoras. "O plano de outorgas acaba compelindo a uma situaçao estranha" reclamou um executivo da Telefônica, que nao tem como oferecer a empresa a mais interessados. Como ela é obrigada a vender, o prazo está acabando e os interessados sao limitados, o desafio dos espanhóis é fazer desta venda um bom negócio.

"O edital será bem simples e o leilao, com base na maior oferta, nao deve ser demorado", afirmou o executivo. A empresa nao fala em preço mínimo, mas a aposta de especialistas no setor é que ele fique bem acima dos R$ 1,857 bilhao oferecidos em 1996 (R$ 681 milhoes) e em 1998 (R$ 1.176 bilhao) pelo consórcio Tele Brasil Sul, muito antes da desvalorizaçao do real. "Sobre este valor deve-se aplicar pelo menos o correspondente ao rendimento de uma aplicaçao de renda fixa", disse o executivo.

Das três potenciais interessadas, a Tele Centro Sul (TCS), controlada pela Italia Telecom, é a principal candidata à compra. Dos 7 milhoes de aparelhos telefônicos da regiao de concessao da TCS, 1,678 milhoes estao na CRT, cerca de 24%. Incorporar a operadora gaúcha é considerado estratégico pelos executivos da TCS, a fim de garantir o futuro da empresa no país.

A partir de 2002, a operadora que cumprir as metas estabelecidas pelos contratos de concessao poderá operar em todo o País. A Telefônica já avisou que este é seu objetivo. Só com a CRT, os italianos da TCS conseguirao terminais e força suficientes para enfrentar os espanhóis da Telefônica. Executivos brasileiros e italianos passaram uma semana avaliando os dados da CRT, e trabalham nas últimas semanas sobre o tema, mas nem dentro da TCS o assunto é comentado.

Ainda assim, existe a possibilidade de ocorrer surpresas no leilao. Pequenas e correndo por fora, as operadoras de Uberlândia e Londrina podem surpreender no momento do leilao. "Atualmente todo mundo procura parcerias com empresas maiores" disse o executivo da Telefônica. Segundo ele, nao se pode afastar totalmente a possibilidade de uma operadora estrangeira, interessada em entrar no País, possa se associar a uma destas empresas locais para dar uma oferta pela CRT.




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