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Crise hídrica mobiliza instituições de ensino

Universidades formam comitê para propor soluções; escolas estabelecem metas de redução

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
06/02/2015 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


A maior crise hídrica já registrada na região Sudeste mobiliza todas as esferas da Educação na busca por alternativas que ajudem a economizar água no dia a dia das unidades de ensino. Outra preocupação, neste caso específico das instituições de Ensino Superior, é colaborar com o planejamento de ações capazes de minimizar os efeitos da escassez do recurso na sociedade.

Em ação pioneira, as seis universidades públicas do Estado – UFABC (Universidade Federal do ABC), UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), Unesp (Universidade Estadual Paulista), Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que têm campus em Diadema, e USP (Universidade Estadual de São Paulo) – e o IFSP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo) se uniram em fórum para discutir o tema.

A ideia, segundo a reitora da Unifesp e idealizadora do encontro, Soraya Smaili, é trocar informações e pensar estratégias para a crise a curto, médio e longo prazos. “As universidades reúnem pesquisadores que trabalham no assunto há décadas. A proposta é criar banco de projetos e apresentar ao poder público”, explica. A primeira reunião do painel técnico acadêmico sobre a crise será na terça-feira.

Em paralelo, cada instituição pública desenvolverá medidas internas para economizar água. No caso da Unifesp, o trabalho para reduzir o consumo mensal de 800 m³ nas três unidades do campus Diadema envolverá implantação de válvulas nas torneiras e descargas, troca de encanamentos e diminuição do uso do recurso na limpeza dos prédios. “A médio e longo prazos, vamos buscar incentivos financeiros para medidas como aproveitamento da água da chuva”, diz a reitora.

O pró-reitor de planejamento e desenvolvimento institucional da UFABC, Vitor Marchetti, destaca que o papel das universidades é exatamente enriquecer debates relevantes para a sociedade. “Temos uma série de profissionais de diferentes áreas que podem abrir o leque de opções para os gestores públicos, que nem sempre têm conhecimento técnico. Mas é preciso que os governantes também estejam dispostos a dialogar”, alerta.

Por se tratar de instituição pública, medidas de economia devem fazer parte do dia a dia das universidades estaduais e federais, considera Marchetti. “Precisamos dar exemplo para a sociedade. Na UFABC, usamos a lavagem a seco dos prédios, redução do tempo de abertura dos temporizadores das torneiras, temos programa de substituição de 1.000 redutores de vazão nas instalações hidráulicas e também a troca de mecanismos de descarga”, destaca. O campus Santo André da universidade conta ainda com reservatório de água pluvial, que deve entrar em funcionamento após conclusão das obras do espaço.

Redes municipal e estadual dão atenção especial à economia de água

A crise no abastecimento também vem sendo tratada com atenção nas redes municipal e estadual de ensino. Em São Caetano, reunião com os diretores das 61 escolas propôs conscientização dos alunos na segunda-feira. A administração estuda ainda a instalação de cisternas.

Em Mauá, a orientação é para que gestores redobrem cuidados na verificação de vazamentos e economia do recurso. Além disso, são realizadas ações simples como escovação dos dentes utilizando canecas e distribuição de cartilhas sobre hábitos de banho rápido.

Ribeirão Pires orientou diretores das escolas a reduzir em 20% o consumo de água. A ação leva em conta desde manutenção de vazamentos até troca de válvulas de descargas dos banheiros, bebedouros antigos e torneiras.

São Bernardo programou reunião na segunda-feira para discutir as ações integradas para economia de água.

ESTADO

A Secretaria da Educação do Estado tem novo modelo de construção das escolas. Trata-se de tubulação para o armazenamento, filtro e reúso hídrico em 104 unidades escolares. Deste total, 11 obras já foram concluídas.

Além disso, o Pura (Programa do Uso Racional da Água) está em fase de expansão e deverá atingir 2.800 unidades de ensino até 2018. A expectativa é que no fim da implementação do programa, haja economia de 6,4 milhão de m³, o equivalente a 300 mil caminhões-pipa. A redução prevista de 2015 a 2017 é de R$ 44 milhões.

Colégio restringe escovação dos dentes

Uma das ações adotadas pelo Colégio Sales Ribeiro, em Santo André, para economia de água causou polêmica. A unidade restringiu o número de escovações dos dentes dos 120 alunos a uma vez ao dia, o que provocou descontentamento de um dos pais, o corretor de imóveis Regis Ferraz, 52 anos. “Fiquei pasmo.”

Em sua defesa, a diretora da unidade de ensino, Simone Sales, destaca que a ação conta com a supervisão da dentista do colégio e é complementada por orientação aos pais para que reforcem a escovação pela manhã e à noite. “Além disso, estamos trocando torneiras de pressão por modelos comuns e não lavamos mais o quintal e os banheiros, mas sim realizamos limpeza com pano.”

O Crosp (Conselho Regional de Odontologia de São Paulo) encaminhou ofício às secretarias de Educação para reforçar a importância da manutenção da escovação dos dentes das crianças. A indicação é que seja utilizado o mínimo de água possível.




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