Economia Titulo Seu bolso
Gasolina deve chegar a R$ 3,30 na região

Governo federal eleva a carga tributária a partir
de domingo; distribuidoras não revelam repasses

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
30/01/2015 | 07:26
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Ricardo Trida/DGABC


A Petrobras informou ontem que repassará o aumento da carga tributária nos preços dos combustíveis nas refinarias. Pelos cálculos da Receita Federal, o litro da gasolina ficará R$ 0,22 mais caro e, o do diesel, R$ 0,15. O governo publicou ontem, no Diário Oficial da União, mudança na alíquota do PIS e da Cofins a partir de domingo – para compensar a espera de 90 dias para poder voltar a cobrar a Cide, zerada desde 2012, com o intuito de engordar os cofres públicos. Porém, ainda está indefinida a inflação que os consumidores da região encontrarão nos produtos, tendo em vista que as distribuidoras não revelam suas estratégias comerciais. A única confirmação, por parte dos postos, é que as três principais empresas de distribuição elevaram em R$ 0,14 o litro do etanol hidratado, que já estão sendo repassados.

Segundo estimativa do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do ABCDMRR), o consumidor poderá desembolsar até R$ 3,30 pelo litro da gasolina a partir da semana que vem. O preço médio atual na região hoje é de R$ 2,89. No caso do álcool, os estabelecimentos estão cobrando entre R$ 2,09 e R$ 2,14, contra média de R$ 1,99 da semana passada. Já o diesel deverá passar de R$ 2,76 para até R$ 2,90.

Em meio a esse cenário de alta, a melhor saída para o consumidor é dirigir seu veículo seguindo algumas técnicas para economizar combustível. Entre elas, guiar o máximo de tempo possível entre 3.000 e 3.500 rotações que, segundo o professor de Engenharia Mecânica do Centro Universitário FEI Maurício Trielli, é a faixa que a maioria dos motores atinge o torque máximo e tem menor consumo. Além disso, evitar as acelerações seguidas de freadas e reduzir ao máximo o número de reacelerações após a troca de marcha também auxiliam a gastar menos.

Trielli explicou ainda que o sistema de controle dos veículos sai das fábricas programado para se adequar aos hábitos de único usuário, a fim de oferecer o melhor desempenho com menor consumo. Isso significa que, se mais de uma pessoa dirige o mesmo carro, o sistema continuará tentando se readequar e, com isso, haverá maior necessidade de combustível.

INDEFINIÇÃO - Por meio de nota, o Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes) não se posicionou em relação a possível repasse das suas empresas sindicalizadas. “O Sindicom não comenta o assunto, pois cada distribuidora tem sua política comercial e decide o preço que vai praticar. Essas informações são restritas à área comercial de cada empresa. Também não comentamos os preços dos combustíveis, pois não temos ingerência sobre os fatores que influenciam nas suas variáveis, respeitando as premissas de livre mercado.”

Questionadas individualmente, a Ipiranga “informa que está aguardando as informações da Petrobras referentes ao ajuste tributário nos preços dos combustíveis”. A Petrobras Distribuidora e a Raízen, responsável pelo abastecimento dos postos da bandeira Shell, porém, disseram que não se posicionariam sobre o assunto.

Desta maneira, ainda não é possível saber exatamente como os preços chegarão aos consumidores. Mas, segundo o presidente do Regran, Wagner de Souza, os donos dos postos têm absorvido há algum tempo pequenas altas na gasolina, por isso, deverão repassar integralmente qualquer inflação.
 

Na entressafra, etanol tem dificuldades na produção

Segundo o presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do ABCDMRR), Wagner de Souza, os postos abastecidos pelas três principais distribuidoras já estão alterando seus preços conforme renovam o estoque. Ele garante que os revendedores enfrentaram inflação de R$ 0,14 por litro. Neste caso, a origem do problema está na plantação da cana-de-açúcar.

O etanol hidratado, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo), encareceu por litro R$ 0,08 na produção. De acordo com a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), “a variação dos preços ocorre porque estamos na entressafra, e não há produção de etanol ocorrendo nesse período.”

Já o Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes) negou explicação sobre os R$ 0,06 acrescidos nos preços aos postos – totalizando R$ 0,14 ao consumidor.

Ainda conforme o Cepea, houve acréscimo, no mesmo período de comparação, de R$ 0,01 no etanol anidro, que é adicionado na gasolina representando um quarto da composição do derivado de petróleo. Segundo Souza, junto com essa majoração nos preços do álcool, a gasolina também ganhou R$ 0,03 por parte das distribuidoras, “absorvidos pelos representantes.”

FAZENDO AS CONTAS - Considerando o preço médio do etanol na região, na semana passada, de R$ 1,99 por litro, valia mais a pena abastecer os veículos flex com esse produto. Para que o motor tenha a mesma autonomia, bastam 700 mililitros de gasolina, que custam R$ 2,02, portanto, com a média do preço do derivado fóssil a R$ 2,89.

Caso a gasolina passe a R$ 3,30, o etanol continuará viável mesmo a R$ 2,14. Para comparar, basta multiplicar o preço da gasolina por 0,70. 




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