A nova metodologia usada em Santos, no litoral paulista, para detectar se as pessoas infectadas pelo HIV contraíram o vírus nos últimos quatro meses, é capaz de apontar também se o paciente contraiu um vírus resistente ou nao aos remédios distribuídos na rede pública de saúde. Segundo o médico infectologista Marcos Caseiro, que realiza a pesquisa em parceria com a Universidade da Califórnia e Universidade Federal de Sao Paulo, a nova metodologia mostra resultados mais específicos e surpreendentes.

"10% das pessoas contaminadas recentemente contraíram vírus com resistência aos medicamentos disponíveis na rede", afirmou Caseiro. A nova metodologia nos exames laboratoriais está sendo desenvolvida pelo serviço público de saúde de Santos, por intermédio do Centro de Referência em Aids. O infectologista espera resultados mais surpreendentes.

Segundo o médico Ricardo Hayden, coordenador do Programa DST/Aids do município, a vantagem da nova metodologia está em traçar o perfil atual da epidemia e, com isso, permitir que as autoridades sanitárias atuem ativamente na prevençao da doença, para quebrar, o mais rápido possível, a corrente transmissora. Dados do Ministério da Saúde apontam Santos como a 5ª cidade em incidência de casos de Aids.

Caseiro explica que a metodologia usada para detectar se o paciente com HIV contraiu o vírus nos últimos quatro meses consiste em aplicar o teste Elisa, que é o método tradicional utilizado para constatar a doença, e depois dessensibilizar o exame, deixando o sangue com menos tempo de encubaçao.

"Todos os exames foram realizados no Craids, desde janeiro de 1999 e foram usadas inclusive coletas de sangue congeladas desde 1995. Até hoje, foram feitos 800 exames que mostraram o crescimento da contaminaçao entre mulheres." Para piorar, nos últimos dois anos aumentou o número de pessoas recém-infectadas, sendo três vezes maior que o das pessoas que contraíram o vírus em 1998.