Lasse Hallström reuniu um elenco acima de qualquer suspeita – com Kevin Spacey, Juliane Moore, Judi Dench e Cate Blanchett –, baseou-se em uma novela ganhadora do Pulitzer, escrita por Annie L. Proulx, e conseguiu um orçamento bancado pela poderosa Miramax. O resultado é Chegadas e Partidas (The Shipping News, EUA, 2002), que chega nesta sexta ao circuito comercial como a única estréia para adultos da semana.

Apesar dos pré-requisitos indiscutíveis, o filme não foi bem recebido pela crítica, que o considerou o mais açucarado do diretor de Regras da Vida, com o Homem-Aranha Tobey Maguire, e Chocolate, com Juliette Binoche. Chegadas e Partidas é o retrato de um homem comum que se esforça para reconstruir sua vida em um ambiente novo e completamente diferente do seu. O cheiro é de dramalhão. Mas Hallström afirma que é um retrato divertido da família contemporânea.

Quoyle (Spacey), um novaiorquino infeliz e solitário, perde a mulher (Blanchett) em um acidente de carro. A tragédia mudará sua vida para sempre. Transtornado, ele viaja com a tia (Dench) e a filha pequena (interpretada por três irmãs) para a misteriosa região onde viviam seus antepassados, na comunidade pesqueira de Newfoundland.

No pequeno porto de Killick-Garra, Quoyle se fixa como repórter no jornal local, The Gammy Bird, e, a cada artigo que escreve, a noção que tem da comunidade se transforma, da mesma forma que modifica também a visão que tem da própria vida. Claro, haverá romance nesta descoberta solitária. A bela Wavey (Moore) aparece no pedaço, embora ela também tenha seus próprios fantasmas para exorcizar.

O personagem de Spacey explica-se melhor no filme: é um sujeito privado de sua auto-estima pelos pais que encontrará, nesta viagem definitiva, uma maneira de se recuperar. Encontrará o amor, também, que ele julgava impossível. É comprar o ingresso e preparar o lencinho.