A Aliança do Norte e o grupo do ex-rei Mohammad Zahir Shah vão dominar o futuro Conselho Superior do Afeganistão, governo de coalização que deve suceder o Talibã no comando do país, caso a ofensiva militar americana atinja seu objetivo. De acordo com o jornal paquistanês 'Frontier Post', o Conselho terá 120 membros: 50 da Aliança do Norte, 50 do grupo do rei Shah e outros 20 divididos entre "outros líderes afegãos".

A informação foi passada ao jornal por Hussein Anvari, comandante de unidades xiita-hazaras, que tem participado das negociações.

O ex-rei Zahir Shah, 87 anos, que está exilado na Itália desde 1973, pediu a convocação de uma assembléia, chamada de Loya Jirga, para tentar estimular tribos dissidentes do Afeganistão a formar um governo único de unidade nacional. A idéia foi aceita pela Aliança do Norte, o maior grupo de oposição aos talibãs.

Mas a composição do Conselho já está gerando confusão. Hadji Abdoul Kadir, líder da etnia dominante pashtun, a mais numerosa do Afeganistão, disse que o futuro Conselho Superior não reflete a estrutura étnica do país.

A Aliança do Norte será representada basicamente por tadjiques, uzbeques e hazaras, a única etnia afegã que segue o xiismo. Os hazaras povoam a zona central do Afeganistão e Hazaradjat.

O Paquistão apóia o ex-rei Zahir Chakh, opondo-se, contudo, a qualquer vantagem à Aliança do Norte. Além disso, Islamabad não exclui a hipótese da presença talibã no futuro governo do Afeganistão. O presidente paquistanês, Pervez Musharaff, e o secretário de Estado americano, Colin Powell, declararam a possibilidade de incluir no futuro governo afegão "alguns líderes moderados do atual governo talibã".