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Organização descobre quem praticou crimes contra jornalistas
Das Agências
02/05/2001 | 17:25
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Em uma mensagem, por ocasião do Dia mundial da liberdade de imprensa em 3 de maio, o Organismo de Imprensa Continental (SIP) assegurou nesta quarta-feira ter descoberto a "participação direta, material e intelectual, de políticos, policiais e juizes em muitos crimes contra jornalistas".

Danilo Arbilla, presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa, denunciou "a cumplicidade que existe em muitos casos nas estruturas executivas, legislativas e judiciais, para que quase todos os 230 assassinatos de jornalistas nos últimos 12 anos fiquem na total impunidade".

O dirigente afirmou que a SIP descobriu a responsabilidade de grupos ilícitos, como narcotraficantes, guerrilheiros, paramilitares, nesses atentados, e "também a participação direta, tanto material como intelectual, de políticos, policiais e juizes em muitos destes crimes".

A mensagem de Arbilla, divulgada nesta terça-feira pela sede da SIP em Miami não precisou de forma explícita essas acusações, apesar de lembrar "os estragos que a impunidade gera em torno dos crimes sem punição contra jornalistas".

"Na grande maioria dos casos se trata de autoridades regionais ou locais" assegurou Arbilla. “No México e no Brasil, tratam-se de crimes vinculados a autoridades locais dos Estados que integram esses dois países de estrutura federal”, completou.

Por isso, a SIP já pediu ao México e ao Brasil que os crimes desta natureza "passem da jurisdição estadual à jurisdição federal", afirma o diretor. "No Brasil já existe um projeto de lei nesse sentido", reconhece Arbilla.

"Na Colômbia, além dos frequentes assassinatos vinculados à guerrilha, existem alguns casos que envolvem as autoridades departamentais deste país", acrescentou Arbilla.

A SIP dispõe de uma "Unidade de Resposta Rápida" integrada por jornalistas investigadores que são enviados apenas aos locais onde se cometeram assassinatos ou agressões contra homens de imprensa.

"Eles perguntam se o crime cometido tem ligação com o exercício da profissão da vítima", explica Arbilla.

Com essa investigação, "conseguimos elementos" para que as denúncias sejam dirigidas aos próprios governos, a OEA ou, entre outros organismos, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Cidh). A função da Cidh é "obrigar os países a continuarem com as investigações e combater a impunidade".

Ante o Dia mundial da liberdade de imprensa, Arbilla assegura que "a liberdade de expressão se antepõe como o primeiro dos direitos humanos" porque "qualquer violação destes, como a tortura, o assassinato, a corrupção ou o sequestro, ocorrem sem consequências e proliferam quando não há liberdade de expressão".

Esse dia será celebrado nesta quinta-feira, 3 de maio, data instaurada para a comemoração da Declaração de Windhoek, um documento sobre a liberdade de imprensa que a Unesco elaborou em 1991, na Namíbia.




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