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FHC nega demissao de Tápias e convoca reuniao para 2ª
Brasília
Da AE
19/11/2000 | 21:02
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As relaçoes do ministro do Desenvolvimento, Alcides Tápias, com a equipe econômica azedaram de vez e por pouco Tápias nao deixou o governo. Irritado com as declaraçoes do secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, que havia dito desconhecer as medidas na área tributária anunciadas no pacote de estímulo às exportaçoes, Tápias ameaçou deixar o cargo se nao houvesse uma retrataçao de Maciel. Coube ao ministro da Fazenda, Pedro Malan, colocar panos quentes para tentar contornar a situaçao.

O presidente Fernando Henrique afirmou no sábado à noite, na Cidade do Panamá, durante entrevista após o encerramento da X Cúpula Ibero-Americana, nao ter conhecimento de um eventual pedido de demissao de Tápias ou de divergência entre o ministro e o secretário Everardo Maciel.

A situaçao de Tápias no governo, porém, nao é das mais confortáveis. No Palácio do Planalto, a avaliaçao é de que seu desempenho no estímulo ao comércio exterior nao tem sido impressionante e que o ministro tem se envolvido em situaçoes desastrosas, como a compra de um Porsche importado e a divulgaçao de documentos técnicos de sua pasta que falavam em crise cambial. A pasta do Desenvolvimento é hoje uma das mais disputadas pelos partidos da base de apoio do governo e o presidente considera, inclusive, a possibilidade de usar o cargo numa possível reforma ministerial, marcada para fevereiro.

Em entrevista na sexta-feira passada, Malan fez questao de reafirmar a posiçao conjunta do governo em relaçao às medidas do pacote às exportaçoes e o secretário Everardo Maciel deixou claro nao ser contrário às decisoes. Por meio de sua assessoria de imprensa, o ministro informou que nao há discordância no governo e que, no máximo, o que houve foi um mal entendido.

Essa nao é a primeira vez que Tápias bate de frente com a equipe econômica. Ao ir para o governo, o ministro brigou para ter total controle da política de comércio exterior, inclusive da definiçao das alíquotas de importaçao e exportaçao. Esse desejo, entretanto, foi logo esvaziado pela Fazenda, que considerou o assunto de interesse da política econômica que, portanto, nao deve ser subordinado a um ministério setorial. A falta de poderes do Ministério do Desenvolvimento já vinha irritando Tápias, que já expressara a colegas no governo sua insatisfaçao.

O ministro já havia se desentendido em reunioes interministeriais realizadas periodicamente no Palácio do Planalto com o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Amaury Bier, e com o secretário de Política Econômica, Edward Amadeo.




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