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Alisamento de cabelo com formol traz riscos
Renata Gonçalez e Roberta Nomura
Do Diário do Grande ABC
09/04/2005 | 17:25
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A escova progressiva pode causar irritação na pele, nos olhos e até câncer no aparelho respiratório. O alerta é feito pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), caso os produtos utilizem formol em excesso e não tenham o registro no Ministério da Saúde. O alisamento progressivo virou febre e a possibilidade de ter os cabelos uniformemente lisos por tempo prolongado, sem chapinha ou escovação diária, seduz as mulheres.

A Anvisa proíbe o uso de formol na formulação de cosméticos. A única exceção é o esmalte. A assessoria de imprensa da agência afirma que os produtos utilizados na escova progressiva não possuem registro no Ministério da Saúde. Isso significa que a presença de substâncias nocivas à saúde ou em concentrações inadequadas não foram avaliadas pelo órgão regulamentador.

O alerta surgiu no Rio de Janeiro, no fim do ano passado, quando a Vigilância Sanitária recebeu denúncias de mulheres que fizeram o alisamento progressivo e sentiram forte cheiro de formol, vermelhidão nos olhos e coceira no couro cabeludo. A Vigilância recolheu várias amostras do produto, importadas e até de fabricação caseira, e constatou o alto teor de formol nos alisantes.

A partir disso, a Anvisa passou instruções às gerências municipais de Vigilância à Saúde de todo o Brasil para procederem da mesma forma caso recebam denúncias semelhantes. Sem dispor de estatísticas de denúncias, a Anvisa enfatiza apenas que o problema é muito comum no Rio. Apesar de na região o método estar em alta, as vigilâncias sanitárias municipais ainda não registraram qualquer denúncia.

Aprovação – Na próxima semana, a analista financeira Rúbia de Oliveira Durais, 29 anos, de São Bernardo, fará escova progressiva pela terceira vez. O cabelo dela é ondulado, e para ter as madeixas lisas fazia escova diariamente, o que ressecava os fios. “Adorei. Foi tudo de bom na minha vida. Antes, jamais saía de casa com o cabelo natural.”

Por sessão, Rúbia pagou R$ 280 e só saiu do salão depois de três horas. Depois só pôde lavar o cabelo três dias após o tratamento. “É caro e demorado, mas vale a pena”. Rúbia afirma não ter tido reações alérgicas.

O cabeleireiro de Santo André J.C.O. aplica a técnica em suas clientes e cobra de R$ 200 a R$ 350 por sessão. Ele afirma que a escova progressiva corresponde de 30% a 40% do faturamento do salão. “Mas com o alerta da Anvisa, o que era Chapeuzinho Vermelho virou Lobo-Mau”, diz. “O formol prejudica mais o cabeleireiro do que a cliente, pois ele aspira o pó com formol que se espalha com o secador. Por isso, aqui no meu salão é feito um revezamento entre os funcionários.”

A mesma opinião é dividida pelo cabeleireiro Hamilton Cassimiro, de São Bernardo, que no entanto aplica a escova progressiva usando amônia no lugar do formol. “É uma experiência que tem dado bons resultados. Não uso formol pro meu bem estar, pois com o tempo posso ter problemas de saúde”, afirma o cabeleireiro, que durante a entrevista finalizava a escova progressiva na manicure Maria Luzinete Lima, 40 anos. “Ficou bem liso. Espero que o resultado dure por um mês.”



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