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Papos e sons de Chico
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
27/02/2010 | 07:00
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Simpático e bom de papo, seria no mínimo incoerência o fato de Wagner Homem contar os divertidos causos sobre vida e obra de Chico Buarque apenas no livro "Histórias de Canções", lançado no ano passado. Pois uma típica chuva de verão - que na Região Metropolitana, sabemos bem, significa enchente, gente ilhada e tráfego caótico - fez nascer o desdobramento do livro: um pocket show em que o cantor Rogério Silva interpreta Chico Buarque e o autor arremata com histórias como as apresentadas no livro. A estreia será em Belém do Pará, no fim de semana (dias 6 e 7). Em São Paulo, a primeira apresentação marcada é para o dia 20, no auditório da Livraria Cultura do Shopping Bourbon.

"Estávamos no Clube Helvetia para uma noite de autógrafos e a moça que deveria trazer os livros ficou presa no trânsito. Ficamos eu e o Rogério conversando e cantando com as pessoas que estavam lá. No fim, dissemos: ‘Temos um show pronto'", relembrou Cachorrão, como é conhecido o autor de Histórias de Canções.

A dupla se conhece desde 1998, época da criação do site oficial de Chico Buarque do qual Homem é curador até hoje. Silva é cantor conhecido pelos fãs paulistanos de Chico: toca às quintas no Roda Viva, bar que não esconde a admiração pelo compositor carioca nem no cardápio. Ou seja, ambos têm credenciais de sobra.

O Diário acompanhou o segundo ensaio que a dupla fez para convidados na quarta-feira, na Livraria Cultura. De estrutura simples - banquinho, violão, um microfone para cada um e um suporte de áudio com trechos de entrevistas (incluindo uma engraçadíssima em que Chico incorporou Julinho de Adelaide, pseudônimo criado na ditadura para driblar os censores), notícias e músicas de outros artistas - o show é de emocionar os chicomaníacos. A dupla está afinada: sem nervosismo ou frescuras. "Eu só não posso cantar muito perto do microfone porque o Rogério fica bravo. Eu canto mal", ri.

O espetáculo tem duas horas de duração. Pouco para a dimensão da obra de Chico. Mas na medida para que não fique enfadonho, inclusive para eventuais não fãs do carioca. "Vamos fazer shows com temas diferentes. Podemos falar sobre o olhar sobre as mulheres, as músicas de protesto e até de músicas infantis", completa Homem.

Assim como no livro, é possível descobrir por meio dos relatos de Cachorrão um Chico Buarque distante da imagem tímida que a opinião pública se acostumou a repetir. O compositor tem muitos momentos debochados. Os bastidores das parcerias com Tom Jobim e Vinicius de Moraes rendem histórias engraçadíssimas, mesmo quando o cenário era o regime militar.




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