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Sócrates ataca e não poupa nem Neymar
Nelson Cilo
Do Diário do Grande ABC
09/05/2010 | 07:33
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Nem o irreverente garoto Neymar escapa do tiroteio de Sócrates, 56 anos, que desaprova o exagero da imprensa e dos torcedores em cima do jovem atacante do Santos. Segundo ele, o assédio pode sufocá-lo no futuro. "É como se o Neymar não tivesse a percepção do que é real ou irreal. É como se ele vivesse na fantasia de quem ainda não conseguiu colocar os pés do chão. A cultura do futebol é assim. Ela é perversa", acredita.

Sócrates não contesta o talento de Neymar, mas define como prejudicial a idolatria que o envolve. Segundo ele, é como se o garoto não assimilasse tanto oba-oba. "Ele não passa de um dos muitos exemplos. A falta de noção é um dos maiores problemas dos jogadores. O profissionalismo evoluiu, só que a cabeça deles continua igual. A maioria nem seria capaz de tirar passaporte. Pior: nem faria os trâmites burocráticos nas viagens aéreas. É preciso que alguém sempre faça tudo em nome deles", critica.

O Doutor cursou medicina em Ribeirão Preto. Atualmente, porém, ele se dedica ao programa esportivo Cartão Verde (TV Cultura) e a escrever colunas para jornais e revistas. Também participa de palestras, como aconteceu na 6ª Expedition 2010, na semana passada, em Santo André, ao falar como garoto propaganda contratado pela Agis, que focaliza diferentes itens voltados à Copa da África do Sul. Entre os temas, foram abordadas, em especial, as tristes lembranças do irmão de Raí em dois Campeonatos Mundiais.

O técnico Telê Santana comandou a Seleção Brasileira nas duas campanhas. Na opinião de Sócrates, a de 1982 (na Espanha) era superior à de 1986 (no México). "Nunca vi nada igual. Tínhamos a melhor equipe do planeta. Então, aquela derrota doeu muito mais. Desabamos no vestiário. Ninguém segurou a tristeza", recorda Magrão.

Segundo ele, a tragédia no Estádio Sarriá - a Itália despachou o Brasil ao aplicar 3 a 2 na constelação de Telê - serviu de lição para quem parecia insuperável. "Se ganhássemos, nos transformariam em verdadeiros deuses. É assim que nos tratariam. Na vida, existem coisas mais importantes do que o futebol", supõe.

No México, repetiu-se a base do mestre Telê Santana, que tropeçaria diante dos franceses na cobrança de pênaltis. A exemplo de Zico e do zagueiro Júlio César, Sócrates perdeu uma das cobranças. "O goleiro deles é que defendeu", corrige.

Aparentemente, Sócrates era de carregar a imagem do supercraque frio, indiferente, que não estava nem aí. "Não é verdade. Chorei pela Seleção, pelo Corinthians e pelas mulheres que já tive. As lágrimas valem muito mais do que muito dinheiro. Os erros é que te amadurecem. Hoje, estou só. Quatro casamentos? Foram sete. Amei a todas elas", jura na frente do filho que o acompanhava. "Tentei me reaproximar da Regina (a primeira), mas o Edu (e aponta para o grandalhão) não permite", brinca. "Não me intrometo. É problema dele", reagiu o filho, orgulhoso ao ouvir aplausos ao eterno herói da Fiel.




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