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'Esquerda' do PT admite trégua, mas faz cobrança
Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
15/03/2003 | 19:34
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As correntes de esquerda do PT que participaram neste sábado da reunião do diretório nacional do partido, realizada em São Paulo, admitiram uma trégua nas críticas que fazem desde janeiro à política e à equipe econômica do governo Lula. No entanto, não abrem mão de que o governo comece a sinalizar desde já para uma mudança nos rumos da economia. “Não tem problema nenhum em dar trégua a Lula, mas tem de haver um redirecionamento da política econômica agora”, disse o deputado federal Ivan Valente, de São Caetano. Ele é integrante do diretório nacional e um dos mais críticos opositores à independência do Banco Central e à reforma da Previdência.

Valente afirmou que o governo tem de redirecionar e não aprofundar o modelo econômico. Ele afirmou que não há problemas no enfrentamento entre lideranças do partido do governo Lula, mas ressaltou que qualquer debate deve incidir apenas sobre o mérito das questões.

O discurso de Valente foi mais moderado do que o da deputada Luciana Genro (PT-RS), que chegou a comparar o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, a seu antecessor, Pedro Malan. A crítica gerou uma resposta imediata do presidente da Câmara, João Paulo Cunha. “É uma injustiça comparar 60 dias de Antônio Palocci com oito anos de Pedro Malan.”

Luciana e o deputado federal João Batista Babá (PT-Pará) insistiram na tese de que o governo deverá respeitar agora as resoluções do 12º Fórum do PT, realizado em Olinda (PE), em 2001. O documento é anterior ao compromisso firmado por Lula durante a campanha de manter as linhas gerais da política econômica do governo anterior.

Babá acentuou que não foi proposto nenhum acordo das correntes majoritárias do PT às alas de esquerda. De acordo com ele, o problema seria resolvido apenas com as resoluções debatidas ontem. Ele destacou que o grupo que representa discorda do governo em pontos como a reforma da Previdência, o projeto de lei que estabelece um teto para os servidores públicos (PL-9), a política de juros e a independência do Banco Central. “Temos de cobrar. Essa é a salvação do governo Lula.”




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