"O remédio que meu irmão usa há 30 anos para controlar crises convulsivas, que se chama primidona, não é fabricado no Brasil há um bom tempo", diz Carla Melo, 35 anos, que mora em Contagem, Minas Gerais. A família tem estoque para os próximos 60 dias. Depois, terá de importar o remédio, pagando mais caro. Enquanto 90 cápsulas custavam R$ 39 na farmácia de manipulação, 100 cápsulas do produto importado saem por R$ 140. "Sem contar que pode levar de quatro a 15 dias para o remédio importado chegar." O prazo preocupa, já que o rapaz não pode ficar nem 12h sem o medicamento.
Morador de São Paulo, o empresário Irving Pires, 54, tem de tomar 125 miligramas do remédio carbamazepina (também para convulsões), que está na lista suspensa pela Anvisa. Nesse caso, a substância existe em medicamentos industrializados, mas só em comprimidos de 200 mg e 400 mg.
Histórico - A decisão da Anvisa foi desencadeada pela morte de um menino de 12 anos, relacionada à clonidina, uma das substâncias suspensas. O caso aconteceu em Brasília em agosto; análise preliminar concluiu que houve erro na manipulação do remédio na farmácia. A Anvisa suspendeu todas as substâncias cuja dose de tratamento é próxima da dose tóxica.
Na lista, estão: ácido valpróico, aminofilina, carbamazepina, ciclosporina, clindamicina, clonidina, clozapina, digoxina, disopiramida, fenitoína, lítio, minoxidil, oxcarbazepina, prazosin, primidona, procainamida, quinidina, teofilina, verapamil e varfarina.
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