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Irã adverte americanos para que respeitem seu território
Do Diário OnLine
24/04/2003 | 19:46
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O ministro iraniano das Relações Exteriores, Kamal Kharazi, advertiu nesta quinta-feira que os fuzileiros americanos não devem cruzar a 'linha vermelha' que separa Irã e Iraque – região que está sendo patrulhada para evitar a "infiltração" de agentes enviados por Teerã. A declaração iraniana surgiu um dia depois de a Casa Branca avisar que não aceitará "nenhuma interferência externa" no Iraque.

"Este não é um problema novo (surgido após o início da guerra no Iraque)", declarou o chefe da diplomacia iraniana durante uma entrevista coletiva ao lado do colega francês, Dominique de Villepin, que visita países do Oriente Médio. "É evidente que vamos defender a nossa fronteira. A linha vermelha passa precisamente sobre nossa fronteira", disse Kharazi.

Fuzileiros americanos patrulham a fronteira entre Iraque e Irã desde segunda-feira passada, para evitar eventuais incursões de agentes iranianos. Eles estariam atuando no sul do Iraque para incitar sentimentos antiamericanos entre a população xiita e promover os interesses do Irã no país vizinho. Segundo o Comando Central dos EUA no Golfo, "as patrulhas foram planejadas para manter a integridade do território iraquiano e assistir simultaneamente aos expatriados iraquianos que voltarem ao país".

A edição desta quarta-feira do jornal The New York Times noticiou que integrantes de milícias xiitas treinadas no Irã estão em ação nas cidades de Najaf, Karbala e Basra (todas no sul do Iraque). O diário afirma que relatórios dos serviços de inteligência americanos apontam que os agentes pertencem à Brigada Badr, o braço armado do Conselho Supremo para a Revolução Islâmica no Iraque, grupo xiita com sede no Irã.

Dominique de Villepin pediu ao Irã que assine o protocolo adicional ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), permitindo assim as inspeções de surpresa em suas instalações nucleares. O chefe da diplomacia francesa também expressou a "satisfação" da França com a atitude do presidente iraniano, Mohammad Khatami, diante da questão nuclear.

O Irã, que construiu com a ajuda da Rússia sua primeira central nuclear civil em Bouchehr (sul), é signatário do TNP, mas não firmou o protocolo adicional. Os Estados Unidos acusam Teerã de tentar montar uma bomba atômica sob a cobertura de seu programa nuclear civil.

A outra advertência iraniana se refere aos Mujahedines do Povo. Esta organização, que tem muitos membros refugiados no Iraque, afirmou na última quarta-feira que o acordo de cessar-fogo com as forças americanas permite a conservação das armas e a continuação nos combates mantidos desde o começo dos anos 80 contra o regime islâmico.

"Se estas informações forem corretas, se eles puderem permanecer ali e conservar suas armas, isso revela as intenções secretas dos americanos para a região, que é contrária às leis internacionais. Os Estados Unidos devem responder a isso", declarou Kharazi.

Libertação - Na mesma entrevista, Kharazi revelou que os cinco judeus iranianos condenados por espionagem para Israel foram libertados. "Nossos compatriotas judeus que estavam presos em Chiraz (sul) estão livres". "Esperamos (...) que no futuro não ocorram ações que possam levar a esse tipo de prisão", afirmou.

Dez judeus e dois muçulmanos acusados de espionagem foram condenados em julho de 2000 a penas entre quatro a 13 anos de prisão, após um processo a portas fechadas que provocou grande tensão internacional e mobilizou as organizações de defesa dos direitos humanos.

Com agências




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