O último boletim divulgado na tarde deste sábado revela que subiu para 214 o número de mortos em consequência do forte terremoto que devastou o Chile na madrugada de hoje, conforme informou o ministro do Interior, Edmundo Pérez Yoma. "Este é um cataclismo de proporções imensas, e será muito difícil chegar a números exatos", acrescentou o ministro.

O tremor, que atingiu 8,8 graus de magnitude, foi o maior no país em 25 anos - o pior até então havia sido o de março de 1985.

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O chanceler chileno, Mariano Fernández, pediu aos países que ofereceram ajuda humanitária que não enviem nada até que os serviços de emergência divulguem suas necessidades reais.

A ideia é não trazer qualquer ajuda ao país antes da definição das necessidades. "Uma ajuda que chega sem pedido definido não auxilia muito", explicou o chanceler, que citou o exemplo do Haiti. "No momento, agradecemos as boas intenções, mas vamos aguardar que o Onemi tenha um diagnóstico mais preciso".

Tsunami - Bachelet anunciou o imediato envio de ajuda à ilha Robinson Crusoe, a 700 km da costa continental chilena, depois que uma onda de grande tamanho a atingiu. Segundo ela, uma onda gigante envolveu metade do povoado, onde vivem pouco mais de 600 pessoas. As autoridades informaram na tarde de hoje que cinco pessoas morreram e outras 11 estão desaparecidas em Robinson Crusue.

As ilhas na orla do Pacífico estão em alerta para um possível tsunami, enquanto alguns países mais próximos ao epicentro, como Equador e Peru, suspenderam seus alertas. O arquipélago das ilhas Marquesas, na Polinésia, foi atingido por ondas de quase dois metros na tarde de hoje, por conta do terremoto.

No Havaí, é grande a expectativa por um possível tsunami mas, por volta das 19h de hoje, as ondas na ilha eram relativamente pequenas, segundo a rede de TV CNN. Na Austrália e na Polinésia, o tsunami virou uma marola, sem o registro de maiores incidentes por volta das 22h de hoje.

A presidente do Chile pediu a evacuação de alguns setores da Ilha de Páscoa, localizada a 3,5 mil quilômetros da costa do Chile no Oceano Pacífico, devido ao risco de formação de ondas gigantes após o terremoto que atingiu o país.No entanto, Bachelet destacou que a situação na Ilha de Páscoa, onde residem cerca de 4 mil pessoas, é normal. A presidente descartou que haja risco de tsunami neste território.

Como foi o terremoto - De acordo com as autoridades chilenas, o terremoto ocorreu às 3h34 no horário local (6h34 GMT), com o epicentro do tremor foi localizado a 90 km de Concepción. Horas após o tremor principal, já aconteceram ao menos 13 réplicas de magnitudes entre 6,9 e 6,2 graus na escala Richter, de acordo com o Onemi, centro de operações do governo em Santiago.

No momento do terremoto, que durou cerca de um minuto, os chilenos saíram aterrorizados para as ruas. Devido aos vários tremores secundários que se seguiram, as pessoas preferiram permanecer na rua, temendo abalos mais graves às construções.

A confusão foi agravada pela escuridão, já que a energia caiu em toda a região logo após o tremor. As linhas telefônicas também foram cortadas. Em Santiago, muros caíram e prédios foram danificados. "Minha casa tremeu como se fosse gelatina. Caíram quadros, estantes, pedaços do teto", contou um repórter da AFP na capital chilena.

No Brasil - O abalo foi sentido nos países vizinhos, inclusive no Brasil. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil de São Paulo receberam chamados para checar pequenos tremores em diversos bairros da Capital paulista. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou, em nota, profunda preocupação com impacto do terremoto que abalou o Chile na madrugada deste sábado e expressou sua disposição de prestar toda ajuda necessária ao país e ao povo chileno.

Histórico - O terremoto deste sábado é o segundo mais potente dos últimos 20 anos, atrás apenas do tremos de 9,1 graus na escala Richter registrado em dezembro de 2004 na costa da Indonésia, que desencadeou a tsunami que matou 220 mil pessoas.

Em 1960, o Chile foi alvo do terremoto mais forte já registrado no mundo, de 9,5 graus Richter, que deixou 3 mil mortos. O país se encontra no ponto de convergência de duas grandes placas tectônicas.

Estado de catástrofe - A presidente em exercício do Chile, Michelle Bachelet, decretou "estado de catástrofe" nas regiões de Maule, Bio Bio e La Araucanía.

Segundo ela, equipes de resgate foram enviadas às regiões atingidas e o número de vítimas deverá aumentar. "Com um terremoto dessa força, não podemos absolutamente descartar mais mortes e provavelmente feridos", considerou a presidente.

Transportes - A DGAC (Direção Geral de Aeronáutica Civil) informou que o Aeroporto Internacional de Santiago, o maior do país, ficará fechado por pelo menos 24 horas devido ao colapso parcial da estrutura do terminal de passageiros.

Os voos internacionais com destino a Santiago estão sendo desviados para aeroportos argentinos como o de Mendoza (1,1 mil km a oeste de Buenos Aires). O tremor também provocou problemas nos transportes rodoviários.